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Boletim Fortalecer o PSOL RS N° 10

[Boletim Fortalecer  o PSOL RS N° 10]

Breves apontamentos sobre a conjuntura, em 13/ Junho/20


Começando pelo Coronavírus

Fica cada vez mais difícil acreditarmos no número total de mortes causadas por coronavírus,  no Brasil, afinal temos um Ministro da Saúde que acha que o norte e nordeste do Brasil tem o inverno ligado ao inverno do hemisfério norte. Oficialmente, temos quase 42 mil mortes, mas a subnotificação se mostra não só um problema causado por problemas estruturais como a de testes. Ela é uma opção política do governo Bolsonaro que faz de tudo para apresentar dados abaixo do número real.

Prova disso foi, primeiro a tentativa de mudar o horário para que a divulgação do número de mortos não fosse feita no horário do Jornal Nacional, e depois, a mudança da forma de contabilizar os óbitos, que era calculado através de todos óbitos e as confirmações de positivo no teste de óbitos de dias anteriores. O governo tentou mudar e divulgar apenas os óbitos confirmados em 24h, por exemplo, se uma pessoa morre hoje, mas a confirmação de que a morte foi motivada pelo coronavírus sair daqui a 3 dias, essa pessoa não seria contabilizada. Outra medida para tentar esconder os dados foi parar de publicar o número total de óbitos no site oficial.

Apesar de estarmos em um momento onde o Brasil é o país com o maior número de casos e óbitos confirmados por dia, segue a política de flexibilização da quarentena, o que já começa a apresentar resultados catastróficos. O Rio Grande do Sul que era apontado como um exemplo no combate à pandemia teve uma forte flexibilização nas últimas semanas e, agora, já se começa a discutir o recuo da flexibilização. O número de pacientes internados em UTIs de Porto Alegre por covid-19 aumenta 50% em uma semana e as UTI’s estão com uma lotação de cerca de 80%, sendo que alguns hospitais já estão na sua capacidade máxima. Não existe outra saída,  a única política que pode amenizar os efeitos da pandemia é uma quarentena geral, onde se mantenham apenas os serviços essenciais.

Conjuntura Internacional 

A crise econômica mundial não afeta todas as classes sociais

Prova disto é que o revelou um estudo da Forbes, com dados entre 18 de março e 19 de maio. O relatório afirma que a fortuna dos mais de 600 bilionários americanos aumentou em US$ 434 bilhões ( quase meio TRILHÃO DE DÓLARES).

Jeff Bezos, CEO da Amazon, e Mark Zuuckerberg, CEO do Facebook, obtiveram os maiores ganhos, com Bezos adicionando US$ 34,6 bilhões à sua riqueza e Zuckerberg ficando US$ 25 bilhões mais rico.

Os números revelam como a pandemia de coronavírus recompensou as maiores  empresas de tecnologia do mercado, mesmo quando a economia e a força de trabalho enfrentam a pior crise econômica da história recente.

A Zoom, empresa de videoconferências cresceu 1.123% durante a pandemia. O lucro subiu de US$ 2,2 milhões para US$ 27, 1 milhões, no primeiro trimestre dos dois anos. 

Na indústria, ainda que haja uma queda geral, o que se reflete no aumento do desemprego, há setores ganhando com a pandemia como a indústria farmacêutica e de entretenimento. Nos 19 países da Zona do Euro, a produção industrial caiu 17,1% no comparativo mensal, com uma queda de 28% ano a ano, o maior declínio desde o início dos registros, em 1991. A Alemanha, maior economia da Europa, teve queda de 30,2%; a segunda e terceira maiores França e Itália encolheram ainda mais - 34,9% e 42,5%, respectivamente. (Reuters, 12/06/20)

 No Brasil, tivemos o pior abril desde 2002,ou seja, queda de 18,8%. A crise sanitária agravou a crise da indústria nacional ante a falta de um projeto nacional de desenvolvimento do Governo Bolsonaro e seu desprezo pela vida. Afirmamos isso, pois diversas organizações políticas e sindicais, como o PSOL e a Intersindical, apontaram, desde o início da pandemia, a necessidade da adoção da política de “reconversão industrial” - que a indústria nacional produzisse insumos destinados à proteção da população contra o COVID-19, como medida emergencial que poderia evitar desemprego em massa e a quebra de pequenas e médias empresas.

O Sistema financeiro local, apesar da  queda de 28% dos lucros dos 5 principais bancos  brasileiros, no primeiro trimestre de 2020, em comparação com o mesmo período do ano passado, segue tendo faturamentos bilionários mesmo em tempos de pandemia. Banco do Brasil, Bradesco, Caixa, Itaú e Santander faturaram R$ 16,8 bilhões, no período, ante os R$ 23 bilhões de 2019. Assim distribuídos: Itaú, R$ 3,7 bilhões; Santander, R$ 3,5 bilhões; Bradesco,R$ 3,4 bilhões; Banco do Brasil, R$ 3,2 bilhões e Caixa, R$ 3 bilhões.

Crise econômica, pandemia e protestos antirracistas sacodem os EUA

Esta semana também foi marcada pelo enterro de George Floyd, o homem negro norte-americano assassinado por asfixia pela polícia, estopim do levante antirracista nos EUA, depois de doze dias de grandes protestos em muitas cidades americanas e em vários países.

As grandiosas e persistentes manifestações de jovens negros e brancos, nas maiores cidades americanas, desencadeadas pelo assassinato de George Floyd, representam o grito de basta de racismo,basta de violência policial contra os negros, mas também são o acumulado dessa justa revolta com as consequências da crise econômica sobre o povo pobre, negros, jovens, trabalhadores, desde 2008, onde o governo socorre grandes bancos e condena milhões ao desemprego (40 milhões, durante a pandemia), a morar nas ruas, à miséria. Essa combinação produziu a explosão do grito VIDAS NEGRAS IMPORTAM!  e SEM JUSTIÇA, NÃO HÁ PAZ!, esta proferida pela menina,  filha de George Floyd.

Nessa semana também, Trump viu sua popularidade cair 10 pontos. Segundo o Instituto Galup, Trump perdeu 10 pontos de maio a junho, a cinco meses da eleição presidencial. Essa queda ocorreu em meio à onda crescente de manifestações contra o racismo , mas também pode estar ligada às ações de Trump em relação à pandemia. Os EUA  já contam com mais de 115 mil mortes por coronavírus, o que o coloca como recordista mundial.



A Crise política e econômica no Brasil

Ao sofrer derrotas e se sentir acuado, Bolsonaro se agarra na ampliação de apoio do Centrão e nas Forças Armadas

No Brasil, a semana foi marcada pelo acúmulo de novas derrotas para Bolsonaro, ainda que isto não signifique a sua queda, mas Bolsonaro contra-ataca.

O domingo, 7 de junho, foi marcado por  manifestações contra o governo Bolsonaro em 20 capitais e outras grandes cidades. Em São Paulo, o ato encabeçado pela Frente Povo Sem Medo em unidade com as torcidas Antifascistas, reuniu milhares, no Largo do Batata. Em Porto Alegre, nós do Fortalecer o PSOL, participamos de dois atos, no início da tarde. O Ato Antirracista, na Praça do Tambor e o Ato Antifascista, na esquina Democrática. No meio da tarde, os atos se unificaram numa grande marcha pela Centro Histórico até a Cidade Baixa, reunindo cerca de 2 mil manifestantes. Fomos testemunhas da mudança de ânimo que os atos deste domingo produziram na militância de esquerda, pois Bolsonoro revelou, em suas palavras, que sentiu o elemento novo nas ruas, ao declarar “Eles botaram as mangas de fora”. Ainda que com muita dúvida, crise entre setores da própria esquerda, este dia foi de manifestações históricas, durante o crescimento da pandemia do coronavírus.

A família Bolsonaro sofreu um novo revés com a prisão do bombeiro suspeito de participação no assassinato de Marielle Franco e Anderson, pela polícia civil do Rio de Janeiro, mesmo com a intervenção do Presidente na PF neste estado.

Bolsonaro tentou se reequilibrar, buscando ampliar apoio no corrupto Centrão do Congresso Nacional. Recriou o Ministério das Comunicações, entregando-o ao genro de Silvio Santos, seu fiel escudeiro,o Deputado Federal Fábio Faria (PSD-RN). Bolsonaro amplia a presença do Centrão no Governo, no intuito de obter mais apoios para evitar o seu impeachment.

Assim como, o Presidente Bolsonaro foi para o contra-ataque, junto com seu Vice - General Mourão e  o Ministro Da Defesa, Fernando Azevedo em relação à decisão do ministro do STF, Luiz Fux, sobre o papel da Forças Armadas. Fux concedeu, nesta sexta, 12, uma liminar declarando que “ as Forças Armadas não exercem papel moderador em eventual conflito entre o Executivo, Legislativo e Judiciário”. A reação foi a publicação de uma nota assinada pelos três onde afirmam que os militares “não aceitarão tentativas de tomada de poder”.

A DEVOLUÇÃO DA MP 979 enfraquece o Ministro da Educação e Bolsonaro

Bolsonaro  termina a semana amargando uma nova derrota e a luta dos movimentos e universidades somaram pontos na manutenção da democracia nas instituições de ensino superior do país.

A DEVOLUÇÃO DA MP 979, pelo Presidente do Senado, que visava a indicação de reitores e pró reitores”pro tempore” pelo Ministro da Educação em 20 universidades,  significou uma importante vitória da Universidade Pública Brasileira e dos Institutos Federais frente à tentativa de intervenção nos centros de produção de conhecimento e pesquisa de nosso país.

Bolsonaro amargou uma ampla oposição social a essa MP que daria “carta branca” ao Ministro Abraham Weintraub. Entidades Nacionais representativas de docentes, técnicos e estudantes, como Fasubra, Andes, Sinasefe, Une; Reitores; centrais sindicais, como a Intersindical; partidos de Oposição, com protagonismo do PSOL; SBPC - Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência se levantaram e conseguiram essa vitória sobre o governo Bolsonaro.

 Uma prova de que Bolsonaro  que tem como projeto, a todo custo,  restringir a democracia,  não pode tudo.

Aqui em Porto Alegre, a ASSUFRGS, junto com DCE, APG e Andes, realizou uma manifestação em frente à Reitoria da UFRGS, no início da manhã deste dia 12 de junho, mantendo o afastamento seguro. O ato teve repercussão estadual, principalmente pelo Jornal do almoço da RBS TV (Globo). O Fortalecer o PSOL de Porto Alegre foi protagonista desse ato. Nossas Companheiras Tamyres Filgueira, Dirigente da ASSUFRGS e Marlise Paz, do IFRS  falaram para o Jornal Correio do Povo - jornal de circulação estadual, assim como a TV. Enquanto realizamos a manifestação, com participação da Intersindical RS,  ocorria a reunião do CONSUN/UFRGS, do qual participava a companheira Bernadete Menezes, representando os técnicos administrativos.Durante a sua fala, Berna vocalizou a vitória da DEVOLUÇÃO DA MP 979.

Não derrubamos Bolsonaro, até porque ele segue sustentado pelo sistema financeiro, em especial, já que lhe garante a preservação dos lucros, além do socorro de R$ 1,3 trilhão que lhe concedeu, através da PEC 10. Mas a semana, repetimos, mostrou que ele não pode tudo, que o movimento social organizado pode protagonizar resistência, desgaste desse governo das milícias, protofascista, de ultradireita, subserviente aos EUA.

E nós,seguiremos na luta pelo FORA BOLSONARO. Nas redes sociais, na rua - os que não pertencem a grupos de risco, observando os cuidados que as organizações de saúde recomendam. É assim, que aqui em Porto Alegre, nós do FORTALECER O PSOL, participaremos do ATO ANTIRRACISTA, no domingo à tarde, na Redenção, com um grupo de militantes,

#VidasNegrasImportam

#ForaBolsonaro

Acompanhe no link:

Acompanhe o OBSERVATÓRIO DA CRISE
https://www.observatoriodacrise.org/
O Observatório da Crise é uma iniciativa da Escola Nacional de Formação da Fundação Lauro Campos e Marielle Franco, com o objetivo de fomentar a pesquisa e promover o debate sobre a profunda crise do capitalismo que atravessamos, a partir do referencial teórico marxista. Nesse site serão disponibilizados Dossiês, entrevistas, resoluções e análises.


Indicação de atividade:

Camaradas,
Convidamos todas e todos para nossa live de conjuntura nessa próxima terça (16 de junho), às 18h. Abaixo o link da live, você pode adicionar um lembrete para o Youtube te lembrar:

https://www.youtube.com/watch?v=FuQaVJYhKe0&feature=youtu.be

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