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Boletim Fortalecer o PSOL RS N° 8

[Boletim Fortalecer  o PSOL RS N° 8]

 

Breves apontamentos sobre a conjuntura, em 29/ Maio/20:

Começando pelo Coronavírus

O Brasil já é o novo epicentro da pandemia. É o país que vem apresentando o maior número de casos a cada divulgação diária. O Brasil já é, também, o segundo país com mais casos confirmados, ultrapassando Espanha, Reino Unido e Rússia, ficando atrás, agora, somente dos Estados Unidos.

Hoje, ultrapassamos 27 mil mortes e quase 500 mil casos. Os números seguem aumentando e, ao mesmo tempo, segue a discussão, por parte do presidente Bolsonaro, de acabar com o isolamento e dos governadores que vem, a cada dia, relaxando o isolamento. São políticas genocidas que vão nos tirar milhares de vidas.

Mesmo em estados que, supostamente, tem menos casos como o Rio Grande do Sul fica evidente o problema da subnotificação causada pela falta de testes. Um estudo da UFPEL mostra que a cada caso confirmado, temos 9 que não são notificados, e outro estudo, da FIOCRUZ, mostra que, desde o início da pandemia, aumentou em 2.000% o número de óbitos por problemas respiratórios, no RS.

Pandemia no mundo

Aos poucos, o mundo vai voltando a ver importantes mobilizações de rua, mesmo na atual situação onde o isolamento é a forma mais recomendada para evitar a propagação do vírus. Em algumas situações, as mobilizações são o que poderíamos chamar de “serviços essenciais” como, por exemplo, a espetacular mobilização na cidade de Minneapolis nos Estados Unidos. Essas mobilizações são uma resposta ao assassinato de George Floyd, um negro de 40 anos, durante uma abordagem policial. São protestos muito radicalizados que se acentuaram depois que o promotor do caso afirmou que não pretende, por enquanto, acusar ou prender o policial envolvido no caso, mesmo a abordagem tendo sido gravada, o que mostrou Floyd implorando para que o policial tirasse o joelho de seu pescoço, pois não estava conseguindo respirar. Hoje, fruto da grande pressão, o policial foi preso, acusado de assassinato. 

Infelizmente este caso não é algo isolado. Aqui no Brasil, tivemos, recentemente, o assassinato do menino João Pedro que teve sua casa alvejada por tiros pela polícia, no Rio de Janeiro.

A Crise política e econômica no Brasil

Foram anunciados, hoje, os dados do PIB brasileiro no primeiro trimestre. A queda foi de 1,5%  -;um número alto, já que nos três primeiros meses o impacto da pandemia não foi tão grande. A tendência é de que a queda, no segundo trimestre, seja imensamente maior.

Mas, a queda no PIB não significa que todos estão sendo atingidos pela crise. Os 5 maiores bancos, por exemplo, chegaram ao impressionante valor em ativos de 7,4 trilhões de reais, um valor maior que todo o PIB brasileiro.

Segundo Guedes, são justamente esses que devem receber ajuda. Na  reunião ministerial, divulgada dia 22, ele afirmou que o governo vai perder dinheiro se ajudar as pequenas empresas, mas defende ajudar as grandes. Guedes defendeu também privatizar “essa porra logo”, referindo-se  ao Banco do Brasil, e criticou ainda, os que defendem um plano de obras e investimentos públicos para sair da crise. Para Guedes, obviamente, os únicos investimentos públicos devem ser para os grandes empresários e para os bancos.

Nesta mesma reunião, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, declarou que é preciso aproveitar a “oportunidade” que o governo federal ganha com a pandemia do novo coronavírus para “ir passando a boiada e mudando todo o regramento e simplificando normas”. E é justamente isso que o governo vem fazendo na questão ambiental, acabando com a fiscalização do IBAMA, acabando com importantes projetos de preservação e pautando apenas coisas que beneficiem o agronegócio, as mineradoras e qualquer outra coisa, menos defender o meio ambiente.

A ministra Damares, além de defender a prisão de prefeitos e governadores, criticou, também, os que defendem o aborto.

O ministro da Educação  defendeu a prisão dos ministros do STF.

A fala do presidente Bolsonaro mostrou qual é a principal preocupação dele, no momento:  proteger os filhos e aliados a qualquer custo, mesmo que para isso seja necessário trocar um chefe ou até mesmo um ministro.

O que impressiona, na reunião, é que várias coisas foram pautadas, mas não se deu importância para a discussão sobre a pandemia e formas de amenizar os efeitos avassaladores da mesma.

Nos últimos dias, tivemos duas ações da PF. Uma delas, saudada por Bolsonaro e seus aliados, ação que investiga o desvio de dinheiro público na compra de respiradores e construção de hospitais de campanha. Essa ação foi contra o governador Witzel e outros desafetos do presidente.  Logo no dia seguinte, uma ação ordenada pelo STF que investiga as Fake News, fez buscas na casa de vários aliados de Bolsonaro causando muita irritação no presidente, porque, obviamente, o prosseguimento dessas investigações vai incriminar seu filho Carlos que tem relação direta com esse esquema, e vai municiar o pedido de cassação da chapa por interferência de Fake News nas eleições.

Após esse fato,  o discurso de Bolsonaro se radicalizou ainda mais. Ele disse que chegou "ao limite" e que não teríamos mais um dia como esse, e que ele tinha as armas da democracia nas mãos para impedir essas coisas. O outro filho de Bolsonaro,  Eduardo,  falou, durante uma live,  que a ruptura institucional não era mais uma questão de “se”, mas de “quando”.

São fatos bem graves que aprofundam, ainda mais, uma discussão que vem se acentuando na esquerda : temos um governo fascista? Estamos na iminência de um auto-golpe militar?

Sobre o fascismo, é evidente que Bolsonaro tem ideias fascistas e isso não é novidade. Ele sempre defendeu essas pautas, mas se estivéssemos sendo governados por um governo fascista não estaríamos divulgando publicamente esse boletim, não poderíamos fazer lives, não teríamos nenhuma liberdade democrática, e muitos dos nossos companheiros seriam presos, torturados e assassinados. É também evidente, por outro lado,  que o governo vem tentando endurecer o regime e atacar nossos direitos e liberdades.

Sobre o auto-golpe, obviamente, é uma vontade que Bolsonaro tem. Ele vem, inclusive, convocando e participando de atos que pedem o fechamento do congresso e do STF. Outra coisa é avaliarmos se ele tem condições objetivas para isso. No golpe de 64, havia uma conjuntura, principalmente na América Latina, de muitos golpes militares apoiados pelos EUA, havia também o apoio da imprensa, do STF e do grande empresariado brasileiro. Hoje, Bolsonaro já perdeu o apoio da grande imprensa, têm inclusive muitos conflitos com ela; o STF, apesar de acovardado,  não apoiaria uma saída de ruptura constitucional.  E, não há sequer unidade entre os militares para um golpe. Parte da ala militar do governo, representada por Braga Neto,  é quem, inclusive, vem tentando mediar a crise com o congresso. Foi ele que articulou um encontro entre Maia e Bolsonaro.

Outro ponto fundamental é que a radicalização do discurso vem no momento em que Bolsonaro está na defensiva, perdendo apoio de importantes setores, aumentando sua rejeição na população e com sua família cada vez mais envolvida em escândalos.

Parte da esquerda se apóia na suposta iminência de um golpe para propor uma frente; não só ampla, mas amplíssima, onde avaliam que, inclusive, Maia, Fernando Henrique e outros nomes devem ser nossos aliados na construção dessa frente contra Bolsonaro. É  fato que nos ajuda que setores de centro e de direita estejam em pé de guerra com Bolsonaro, mas cabe a nós da esquerda lutarmos contra Bolsonaro e também contra quem defende as mesmas pautas econômicas e os mesmos ataques a nossa classe se diferenciando de Bolsonaro apenas nas pautas morais.

Mesmo uma frente eleitoral com o PT e PCdoB devem ser avaliadas com muita calma, sempre levando em conta o programa, e não uma submissão do PSOL ao PT ou ao PCdoB, como querem que seja em POA, onde para eles o PSOL deve abrir mão de indicar a candidata a prefeita ou a vice e apoiar a chapa PCdoB – PT que por anos já governou a cidade e não representa nenhuma novidade.

É por exemplo, complicada uma aliança eleitoral do PSOL com o PT na Bahia onde o governo do PT reprimiu uma greve dos professores e aprovou a reforma da previdência estadual, ou com o PCdoB, no Maranhão, onde o governo entregou a base de Alcântara para os EUA, uma gravíssima violação da soberania nacional.

Neste contexto, avaliamos que a desistência da candidatura de Freixo para a prefeitura do Rio, em nome de uma aliança ampla, é equivocada, pois o PSOL deve sim batalhar pela frente, com unidade programática, mas não pode abrir mão de se postular politicamente apresentando sua política para a sociedade. Mais equivocada ainda é a posição do Freixo que já disse que em POA apoia a candidatura da Manuela, em detrimento da candidatura da companheira Fernanda, passando por cima da decisão do PSOL.

O momento é certamente muito complicado. Estamos sofrendo vários ataques e devemos batalhar pelo fortalecimento do PSOL, pois o PT já provou que não é a alternativa.

#FORTALECEROPSOL
#FORABOLSONARO
 

Acompanhe no link:

Acompanhe a iniciativa da Fundação Lauro Campos OBSERVATÓRIO DA CRISE 
 https://www.observatoriodacrise.org

O Observatório da Crise é uma iniciativa da Escola Nacional de Formação da Fundação Lauro Campos e Marielle Franco, com o objetivo de fomentar a pesquisa e promover o debate sobre a profunda crise do capitalismo que atravessamos, a partir do referencial teórico marxista. Nesse site serão disponibilizados Dossiês, entrevistas, resoluções e análises.

Indicação de atividade:

Live da Assufrgs "ATAQUE AOS SERVIDORES PÚBLICOS DA EDUCAÇÃO EM TEMPOS DE CORONAVÍRUS" com o senador PAULO PAIM, e a Coordenadora da Assufrgs, BERNA MENEZES.30 de maio, SÁBADO às 10h.

Link da transmissão:

https://www.facebook.com/AssufrgsSindicato/videos/244995570165474/

 

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