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Boletim Fortalecer o PSOL RS N° 9

[Boletim Fortalecer  o PSOL RS N° 9]

Boletim Fortalecer o PSOL N° 9

Breves apontamentos sobre a conjuntura, em 5/ Junho/20:

Começando pelo Coronavírus:

Hoje, já ultrapassamos 34 mil mortes no Brasil causadas pela pandemia. É um númeroito alto, mas que ainda tende a crescer muito. Poucos lugares do país já atingiram seu pico e estão com número de casos decrescente;  a maioria ainda não atingiu o pico. A Região Sul, por exemplo, é a que está mais distante do pico, por isso é tão absurda a proposta do governador Eduardo Leite que vem pautando a reabertura gradual. O momento é de discutir a ampliação do isolamento. A reabertura  deve começar a ser discutida apenas no momento em que os casos começarem a cair bruscamente.

No momento em que mais precisamos da ciência para combater essa pandemia, o Ministério da Saúde está há mais de 20 dias ocupado interinamente pelo general do exército Pazuello, cuja especialidade é no setor de logística. Este é mais um fato que mostra o descaso do governo Bolsonaro com a saúde da população, afinal para Bolsonaro a morte é o destino de todos nós, como ele mesmo afirmou ao comentar as mais de 30 mil mortes no Brasil.

Bolsonaro vetou, também, o projeto que foi aprovado pelo parlamento que destinava o valor de um fundo do Banco Central para ajudar os estados e os municípios a combaterem o coronavírus. O valor total do fundo que é de 8,6 bilhões, vai, agora, ser destinado para o pagamento da dívida pública. Mais uma vez o lucro dos banqueiros está acima da luta para salvar vidas.

Do orçamento federal disponível para combater a pandemia (R$ 11,74 bilhões)  apenas 6,8% foi gasto até o dia 27 de maio.

Conjuntura internacional:

O assassinato de George Floyd mexeu com multidões nos EUA e se alastra por dezenas de cidades em todo o mundo. A reação ao racismo, somado à crise econômica com a explosão de desemprego coloca em xeque Trump e os métodos autoritários, racistas e fascistas de governos tipo Bolsonaro.

Gianna Floyd, Filha de George Floyd, de 6 anos de idade apareceu em um vídeo dizendo: “Papai mudou o mundo”. Pode não ter mudado o mundo na essência, mas o assassinato brutal de George Floyd, um negro de 40 anos, foi o estopim de um grande levante contra o racismo - mobilizações que se espalharam pelo mundo. Já são inúmeros países que estão nas ruas em protestos contra o racismo.

Os protestos colocaram Donald Trump na defensiva, não só politicamente. Trump tem se refugiado no bunker que fica no subsolo da casa branca, durante as manifestações.

64% da população americana apoia as mobilizações, segundo a pesquisa da Reuters. E, fruto, também, deste desgaste, o democrata Biden obteve a maior vantagem - 10 pontos, em pesquisa eleitoral, desde que foi anunciado como candidato.

Trump ameaça colocar o exército para reprimir as manifestações. Ele já chamou os manifestantes de terroristas, ameaçando meter bala em quem está saqueando e ateando fogo, durante os protestos.

Nesse sentido, sobre os protestos "violentos" está mais atual do que nunca a frase de Malcon X “Não confunda a reação do oprimido com a violência do opressor”.

No Brasil, não é diferente. Temos inúmeros casos de racismo, assassinato de negros e negras pela polícia. Infelizmente, esta é uma realidade não só dos Estados Unidos.

O mesmo presidente Trump já anunciou que rejeita a decisão da Organização Mundial de Saúde, que apoia a quebra de patentes de uma futura vacina contra o coronavírus, aspecto essencial para o acesso à vacina, em pé de igualdade, de todos países. O governo americano já rompeu relações com a OMS e cortou o investimento que fazia para a organização.

A Crise política e econômica no Brasil

Essa semana, com a ampliação das manifestações Antifascistas impulsionadas pelas torcidas de times de futebol foram a grande novidade e que estão marcando uma inflexão nos ânimos de setores importantes da população. E podem colocar Bolsonaro na defensiva, pela primeira vez.

Na próxima semana, duas ações nos tribunais superiores podem atingir o presidente Bolsonaro: o julgamento de ações que pedem a cassação da chapa, no TSE, e o julgamento da ação que questiona se o inquérito da fake news continuará aberto no STF.

Para evitar o impeachment, a negociata e a troca de cargos com o "Centrão" avança cada vez mais, e os representantes da "velha e podre política" ocupam cada vez mais espaço no governo.

Esses fatos, junto com os vários processos de impeachment, com a crise econômica, a crise sanitária - em virtude da pandemia, e o aumento da desaprovação do governo, colocam Bolsonaro na defensiva e geraram reações do presidente.

Ou seja, o governo vem tentando construir uma saída pactuada com o congresso e com o STF, tentando evitar assim o aprofundamento da crise política.

Duas polêmicas na esquerda foram debate durante esta semana. A primeira delas é se devemos ir para a rua protestar contra o governo e combater os atos fascistas ou se devemos nos manter em isolamento. Na nossa opinião o isolamento é fundamental e única medida para evitar a propagação do coronavírus, mas a urgência de combater o governo e os atos antifascistas faz os protestos se tornarem "serviços essenciais" e torna importantíssima a nossa participação nos mesmos, tendo sempre os cuidados necessários como o uso de máscaras e álcool gel e a manutenção da distância segura.

A outra polêmica é sobre o tema da frente ampla e/ou amplíssima e os manifestos que foram lançados.  Em primeiro lugar, é importante separar cada uma das movimentações. O  movimento “Somos 70%”, lançado por Eduardo Moreira, não é um manifesto e nem busca assinaturas; é um movimento de internet, uma hashtag que surgiu com base na reprovação do governo que está em torno de 70%. Outra coisa é o manifesto “Estamos juntos” que é um manifesto muito abstrato que fala em projeto comum de país (não temos projeto em comum com setores da direita), sequer cita Bolsonaro e a necessidade de lutarmos pela a sua derrubada. Assinam esse manifesto, por exemplo, a dona do Itaú, Luciano Huck e Fernando Henrique Cardoso. Esse manifesto teve a assinatura de diversos companheiros do PSOL, inclusive alguns assinaram, inicialmente, e depois optaram por retirar a assinatura, casos da Fernanda Melchionna e do Glauber Braga. Achamos um equívoco assinar, pois ele não tem um programa claro de enfrentamento ao governo, é uma tentativa de usar a esquerda para ser cabo eleitoral de uma nova alternativa de direita, sem pautar o que realmente nos interessa. Qualquer unidade além do nosso campo é possível, apenas, se tiver como claro objetivo derrotar o governo Bolsonaro e o fascismo. Nada além disso. Uma unidade totalmente pontual, afinal não temos um projeto em comum com esses setores, muito pelo contrário.

#ForaBolsonaro!

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