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CANDIDATURAS COLETIVAS: ENTRE A INOVAÇÃO POLÍTICA E O OPORTUNISMO

[CANDIDATURAS COLETIVAS: ENTRE A INOVAÇÃO POLÍTICA E O OPORTUNISMO]
A primeira tarefa é compreender que candidaturas e mandatos coletivos são conceitos mais amplos que o formato de “bancadas e co-candidat@s”. A esquerda tem a tradição de construir mandatos coletivos que são representados por uma figura, mas que fazem parte de projetos políticos coletivos.

Esse foi o caso do mandato da nossa companheira Marielle Franco ou mandatos que estão exercício como Luiza Erundina, Erika Hilton, Sâmia Bomfim, Débora Camilo e tantos outros exemplos dentro do PSOL.
Portanto, um mandato coletivo pode ser no formato de “bancadas com co-candidat@s” ou um projeto político coletivo representado por uma figura com autoridade e confiança da sua organização política.

Dito isto, vamos abordar as experiências de candidaturas e mandatos coletivos no formato “bancadas e co-candidat@s”. Este formato, geralmente, nasce de duas situações possíveis:

1. Uma relação de confiança sólida, a compreensão comum dos fatos da política e a defesa conjunta de um programa político, que busca ser representada por um formato inovador que procura passar uma mensagem de socialização dos meios de fazer política.
2. Uma relação de falta de confiança política, de figuras que não têm trajetória política comum e não aprofundam um debate de programa, que querem se unir para disputar o processo eleitoral, mas sentem-se fragilizadas em fazer isso em um formato de candidatura com a representação de uma figura pública.

Quando esse formato nasce da primeira situação, ele tende a funcionar com êxito, pois as relações de confianças estão consolidadas, as crises políticas são leves dado a compreensão comum dos fatos e a defesa do mesmo programa político. A questão é: na maioria das vezes, quando essas condições estão maduras, o coletivo confia sua representação a um nome que inspire confiança no conjunto e que tem capacidade de representá-lo.

No entanto, é diante do segundo cenário apresentado que a maioria das experiências de candidaturas e mandatos coletivos estão pautadas e portanto, fracassando. Não citarei aqui casos específicos, pois o foco não é debater as crises políticas especificas, mas uma estrutura geral que tem construído um terreno fértil para tais crises.

O fato é que, a maioria das experiências, estão nascendo da segunda situação, onde não existe confiança o suficiente para indicar um nome do coletivo para representá-lo e aqui que está o oportunismo. Não existe confiança, não existe construção coletiva de fato, costuma ser uma camarilha, unidas por interesses muito particulares que articulam uma construção para as eleições, centrada apenas na forma e não no conteúdo, reunindo apenas para disputar um processo eleitoral.

É diante desse tipo de construção que os Mandatos Coletivos têm sido palco de crises intensas, acusações de violência política de gênero, assédio moral e sexual entre muitas outras denúncias. Tudo isso tem levado esses “coletivos” forjados em portas de eleições a não sobreviverem a meio mandato.
 
É preciso seguir inovando as formas de fazer política, construindo alternativas e socializando as formas de governar. Mas isso se faz com política real, concreta, com relação de confiança e um programa real. Não com formatos aparentemente inovadores onde um caudilho instrumentaliza histórias, vivências e lutas em nome de projetos pessoais fantasiados de projetos coletivos.
Defendemos mandatos e candidaturas coletivas que sejam coletivas de fato, representados ou não por uma figura pública.
 
Everton Vieira
Membro da Direção Executiva do PSOL/SP
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