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CHICO ALENCAR: Tornar-se réu não é “normal”
Gustavo Lima/Câmara dos Deputados
Uma coisa é ser acusado, situação a que qualquer pessoa está sujeita. Outra é ser formalmente investigado – e quem é inocente corre atrás para explicar tudo, sem protelações. Passo adiante (ou atrás?) é tornar-se RÉU: sinal de que as denúncias têm robustez, as justificativas foram fracas e o inquérito judicial vai caminhar. Quem é réu, ainda mais em ação criminal, deve ficar muito incomodado, se for uma pessoa normal. E não achar que isso é… normal!
Réu criminal que exerce função pública devia ter pudor e se afastar. Caso ocupe cargo de mando em órgão público, há mais razões ainda para sair fora. Pelo menos 80% da população brasileira pensa assim (vide pesquisa Datafolha publicada hoje).
Na quarta-feira, 2 de março, Eduardo Cunha, o deputado que ainda preside a Câmara, deve tornar-se réu, por decisão do plenário do Supremo Tribunal Federal. Confirmada essa tendência, será processado pelas acusações da prática dos crimes de corrupção, recebimento de propina e lavagem de dinheiro, feitas pelo Ministério Público Federal. Ele também é alvo de outro inquérito – o das contas na Suíça.
Tornando-se réu, Cunha dirá que “é normal”. Não é! Que há outros deputados na mesma condição de réus, e de fato há, desgraçadamente. Mas nenhum preside Comissão, muito menos é presidente da Câmara dos Deputados do Brasil, 3º na linha de sucessão presidencial.
O Parlamento brasileiro é muito representativo… do padrão degenerado da política nacional. E dos grandes grupos corporativos que elegeram sete de cada dez deputados federais. Um empresário, no final de 2014, após as eleições, foi sincero: “este é o melhor Congresso que poderíamos comprar”.
Pense nisso, reaja a isso! Afinal, senadores, deputados, vereadores e todos os governantes do Executivo foram colocados lá por sua excelência, o(a) eleitor(a).