O Diretório Nacional do PSOL que aconteceu no último sábado (17/12), tinha a importante tarefa de decidir como seria a relação do partido com o futuro governo Lula-Alckmin.

Um consenso importante é a priorização do enfrentamento à extrema-direita bolsonarista, que segue organizada e disputando posições políticas na sociedade. E, portanto, ser oposição ao governo Lula não era uma opção para nenhum dos campos e correntes, com expressão na instância que tomou a decisão.

A polêmica estava localizada principalmente sobre a ocupação de cargos no governo, ou seja, a ocupação de cargos em um governo de Frente Amplíssima, formada com setores da burguesia. Diante desse impasse, a maioria liderada pelas organizações representadas publicamente por Boulos e Juliano, que forma o bloco conhecido como PTL (PSOL de todas as Lutas), rachou. O PSOL Sementes, setor trotskista da composição da maioria, se descolou do PTL e se somou ao bloco de oposição, que tensionou um relevante debate público em defesa da política de independência, e da não participação com cargos no próximo governo federal. Dentro dessa perspectiva, vimos a formação de uma nova maioria política, que se movimentou para decidir esse assunto no DNPSOL.
Em meio a esse impasse, as organizações de Boulos e Julianos não receberam o tratamento que esperavam do Partido dos Trabalhadores, e não foram capazes de negociar os cargos e espaços que gostariam, frustrando suas expectativas, restando apenas a opção de recuar sobre a decisão de ocupar cargos dentro do governo.

Essa realidade política, conformou um arranjo que resultou em uma resolução ambígua, problemática, mas que trazia uma decisão essencial e das mais importantes da história do PSOL: não compor cargos em um governo de conciliação de classes, ressaltando a necessidade de defender todas as medidas progressistas propostas por esse governo, e hierarquizando a tarefa de enfrentar a extrema-direita bolsonarista. A única exceção é Sônia Guajajara, que caso venha a participar do referido governo, o fará em nome da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil. Portanto, e de acordo com a resolução, qualquer outro psolista que ocupar cargos no governo deverá ser afastado dos espaços de direção do partido.

Nossa avaliação é que tivemos uma grande vitória, gestada em primeiro lugar pelas reservas históricas de militantes revolucionários no interior do Partido Socialismo e Liberdade que, por principio, não quer ver o nosso partido embricado em um governo de Frente Amplíssima com setores da burguesia. Em segundo lugar, pela própria natureza de como o PT opera a construção da sua base de alianças para governar. Ou seja, a relação com setores da esquerda, ainda que setores mais moderados, não é prioritária.

Fato importante, é a declaração de Juliano Medeiros de que sua organização política seguirá fazendo um embate pelo caráter estratégico do partido. E que disputará para ter maioria no próximo congresso, para aprovar uma política que submeta o partido a se adaptar como esquerda da ordem, aprovando sua participação em governo de aliança com a burguesia.

É neste sentido, que aqueles que no PSOL não abandonaram as perspectivas revolucionárias, e compreendem que a tarefa histórica do partido não passa pela acomodação em cargos de governos de conciliação de classes, precisam começar a conformar um dialogo intenso sobre a defesa do PSOL, enquanto instrumento de organização da classe trabalhadora com perspectiva socialista.

O Diretório Nacional do PSOL resultou em uma vitória pontual à esquerda do partido, mas não é um ponto final nesta discussão, a luta seguirá!

 

22 de dezembro de 2022
Executiva Nacional do Fortalecer o PSOL