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Eleições no RS: Pra não dizer que não falei de flores

[Eleições no RS: Pra não dizer que não falei de flores ]

Há algum tempo venho observando e acompanhando o debate sobre as eleições no nosso querido e sofrido Rio Grande do Sul. Tenho visto uma correta pressão dos corações de uma vanguarda poderosa de esquerda, mas também do senso comum de uma parcela importante da sociedade, pela unidade da esquerda.

Tenho visto os esforços do PT para reproduzir a política nacional de Lula e procurar setores de direita, como o PSB de Beto Albuquerque para ser seu Alckmin gaúcho. O mesmo PSB que governou com Sartori e Leite. Isso é mais do mesmo. Rio Grande do Sul não é o Brasil. Os gaúchos protagonizaram a maior experiência de esquerda em prefeituras junto com Erundina em São Paulo e assim como nos governos estaduais. Era o setor mais a esquerda do PT. Independente de nossas diferenças, a experiência dos Orçamentos Participativos e Fórum Social Mundial foram referências mundiais, política fora da caixinha. Isso gerou uma vanguarda de esquerda extraordinária que ocupou nossas avenidas com as marés vermelhas.

Hoje a unidade da esquerda no estado tem que enfrentar algumas contradições e tradições. Mas temos que enfrentar a realidade como ela é. Como dizia Marx no XVIII Brumario: "Os homens fazem sua própria história, mas não a fazem como querem; não a fazem sob circunstâncias de sua escolha e sim sob aquelas com que se defrontam diretamente, ligadas e transmitidas pelo passado. A tradição de todas as gerações mortas oprimem como pesadelo o cérebro dos vivos".

Nós temos que protagonizar o novo. O novo não são os golpistas do PSB, isso é a volta ao passado, são as velhas fórmulas. O Rio Grande pode mais. O que é o novo hoje? É Mélechon na França, é França Insubmissa e não o PS ou nosso querido NPA. Nosso continente está se movendo novamente para esquerda, a vitória de Petro e Francia na Colômbia, que tem em seu programa taxação das grandes fortunas e Reforma Agrária. se soma a Bolívia, México e Chile, mostrando que é possível sonhar alto e concretizá-lo.

E aqui ninguém pode nos acusar de antipetista, fomos protagonistas do primeiro ato contra o golpe no Rio Grande do Sul, com mais de 2 mil pessoas, na maioria jovens no Salão de Atos da Ufrgs. Em seguida participamos de todos os atos com dirigentes do PT, indo contra a própria direção de nosso Partido, o PSOL.

Também estivemos no Sindicato dos Metalúrgicos no ABC contra a prisão de Lula. Tampouco é um ataque a um quadro como Edgar Preto, que foi um dos melhores Presidente da Assembleia Legislativa dos últimos anos. E muito menos contra Tarso e Olivio, os dois são patrimônio do conjunto da esquerda gaúcha. Mas me desculpem meus amigos do PT, mas vocês não são o novo. Não por responsabilidades de vocês, mas também. O novo e com possibilidade de empolgar e mobilizar essa ampla vanguarda que gravita em torno de todos nós, seria uma chapa Pedro - Manuela. Sabemos que vocês tem o maior partido, mas não estamos vivendo tempos de normalidade política. Precisamos de ousadia! A situação na Ucrânia está acelerando os tempos políticos.

Beto Albuquerque não empolga uma juventude ávida por mudanças. E é falso que uma chapa com perfil radical não tem possibilidades de ganhar. O maior exemplo foi a campanha de Dilma em 2014. Foi uma campanha ousada e desafiadora. Após uma ausência de resposta às gigantescas mobilizações de 2013, que iniciaram muito progressistas, com uma juventude exigindo mais e melhores serviços públicos e por ausência de respostas do governo da Frente Popular, foi sequestrada pela direita com a consigna de corrupção que não era o centro das mobilizações.

A campanha de 2014 foi radicalizada, com programa radicalizado, com a foto de Dilma presa na ditadura e fundo vermelho. Arrebatou corações e mentes. Depois veio o inexplicável cavalo de pau em janeiro de 2015. Mas isso fica para o balanço histórico. O importante é que situações criticas exigem respostas radicais. Não pode ser o mais do mesmo.

Uma política de Ruas/Manuela enfrentando o problema da dívida, taxação das grandes fortunas, campanha nacional contra a lei Kandir, defesa das empresas públicas. Plebiscito revogatório das medidas contra o Rio Grande, como o famigerado regime de recuperação fiscal, para ter mais e melhores serviços públicos. Combate a fome, miséria, desemprego, mobilizará milhares em todo o Estado. E seria uma política sem perdas, com qualquer resultado. Se perdemos teríamos um saldo de mobilização que deixaria quem venceu recuado e se ganharmos aí nem se fala.

Temos que acreditar no futuro, é possível acreditar que podemos virar o jogo pela esquerda. O Brasil está no fundo do poço. A esquerda gaúcha tem condições de apresentar o novo e retornar ao protagonismo internacional!

Berna Menezes
Secretaria Nacional de Comunicação do PSOL

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