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Em resposta à carta de Zé Maria/PSTU - Nem mentiras nem calunias

Os fatos e documentos são categóricos

Os recentes fatos ocorridos no Sindicato dos Químicos de São José dos Campos e Região, onde a Chapa apoiada pela Conlutas/PSTU, entrou na justiça burguesa para acabar com a estabilidade dos dirigentes da Chapa 1 recentemente readmitidos provocando novamente sua demissão por parte da multinacional Johnson, é de uma gravidade extrema.

Na tentativa de justificar suas nefastas  políticas, a Conlutas/PSTU, publicou no site do Partido uma carta assinada por Zé Maria, sua principal figura pública. Nela, tenta se justificar apelando à ética e a moral, quando são eles que ultrapassaram as fronteiras de classe apoiando o pedido de sua chapa frente à justiça burguesa, questionando a estabilidade sindical de cinco dirigentes, dos quais três pertencem à chapa 1, entre eles o dirigente mais reconhecido e histórico da categoria, o companheiro Cabral, com o objetivo de deixa-los  expostos à nova demissão, coisa que efetivamente aconteceu.

A Carta de Zé Maria tem uma virtude: assume publicamente que concorda com a chapa incentivada pela patronal na denuncia frente à justiça burguesa de dirigentes sindicais classistas que acabaram sendo demitidos. Isso tem um nome: traição de classe, falta de ética e moral proletária. Aprendemos com nosso maestro, Nahuel Moreno, que moral proletária significa participar nas greves, ser solidário com as lutas em outras empresas, não ser pelego ou acaguete da patronal. Não temos dúvidas que a chapa apoiada pela Conlutas/PSTU e defendida por Zé Maria, violou normas elementares da moral proletária.

Para justificar o injustificável, Zé Maria vai mais longe e apela ao argumento de uma suposta  desordem no sindicato que teria levado a seus camaradas a fazer a denúncia na justiça burguesa que significou a demissão de nossos companheiros. Insólito! O que os companheiros defendem é que o sindicato deveria ter repassado à Empresa e à  justiça os nomes dos 14 dirigentes que teriam estabilidade como dispõe uma velha lei Getulista que até a Articulação rejeita, deixando os outros 27 sem estabilidade e sujeitos a serem demitidos, visto que a diretoria estava composta por 41 companheiros. Nenhum sindicato no Brasil, nem da CUT, nem da Força, nem da Conlutas obedece a essa regra, que se intromete na organização sindical, que agora, a patronal dos químicos junto com a chapa da Conlutas/PSTU, tira da cartola para demitir dirigentes sindicais. Menos ainda vale o argumento que eles ficaram ?desprotegidos?, pois já estava apresentada sua chapa e todos ficaram com estabilidade.  Mas o mais insólito do caso é justificar, sob qualquer argumento, que um dirigente sindical possa municiar com argumentos à justiça burguesa e à patronal, para ajudar a demitir outro dirigente.

Isto não é calunia companheiro Zé Maria. Isto não é mentira. Isto é o que solicitaram à justiça burguesa os alcaguetes da chapa patrocinada pela Conlutas/PSTU, e defendida por você. O mesmo que pediu posteriormente a patronal química, se apoiando na argumentação da chapa 2 orientada por vocês,  e que consta nos documentos apresentados na justiça e  amplamente divulgados.

A ruptura da diretoria e a existência das duas chapas têm profundas razões políticas. A patronal Química, encabeçada pela Multinacional Johnson, como a maioria das patronais no Brasil e no mundo, está empenhada em atacar as conquistas dos trabalhadores, em ?chinalizar? as relações de trabalho, em rebaixar custos e aumentar a exploração da classe trabalhadora. Para isso precisa atacar os sindicatos combativos, precisa diretorias dóceis e domesticadas para passar seus planos sem o sufoco de greves e ?tumultos? que ponham em risco seu afã de lucro. Como parte deste plano, começaram cooptando alguns dirigentes do sindicato que tomam cafezinho com as chefias ou RH?s, que pretendem a liberação sindical para ter vida boa, que não gostam de greves nem de piquetes, que pretendem se utilizar do cargo de dirigente sindical para obter privilégios. São eles os que encabeçam a chapa dois, a chapa da Conlutas/PSTU, a chapa que defende o sindicato ?propositivo?, mas que não gostam de greves, pois acham que greve é ?tumulto?. São os da chapa 2 da Conlutas/PSTU que defendem uma diretoria  ?responsável? pois chegaram à conclusão que fazer greve e ir à  luta é coisa de  ?irresponsáveis?.

A chapa 1 da Unidos para Lutar enfrenta este projeto e não cansará de lutar contra os que querem atrelar os sindicatos aos patrões, ao estado e ao governo, em defesa de aparelhos sindicais e de vida cômoda.

No Brasil vivemos nos últimos 10 anos a cooptação e degeneração de uma geração de dirigentes sindicais que fundou o PT e a CUT e terminaram no governo Lula como ministros, secretários, diretores das Estatais, dos Fundos de Pensão, com salários milionários e em esquemas de corrupção fartamente conhecidos. Os que ficaram comandando os sindicatos sejam da CUT, da Força Sindical ou de qualquer outra central da chamada ?base governista? precisam de boas relações com o governo por claras razões materiais: recebem milhões e milhões de reais do Estado, o que lhes possibilita vida boa e ascensão social, e em troca desse dinheiro, fizeram dos sindicatos por eles dirigidos  verdadeiras agencias do governo no seio da classe trabalhadora, sem autonomia nem democracia sindical, com o único propósito de impedir ou abafar suas lutas.

O compromisso da chapa 1 é claro:  com as necessidades dos trabalhadores químicos e suas revindicações, para o qual estamos convencidos que sem lutar, nada conquistaremos. Pelo contrário, sem luta deixaremos o caminho aberto para os patrões avançar com seus planos sobre a categoria.

Por isto o repúdio que você pede contra a Unidos Para Lutar está se  voltando contra esta política nefasta da  Conlutas/PSTU.

Este fato não é um raio em céu azul.

Infelizmente, há bastante tempo a Conlutas/PSTU vem atuando na contramão dos interesses da classe que diz defender.  Sua ausência e omissão absoluta durante a brutal repressão policial que o Sindicato dos Químicos sofreu nos portões da Johnson durante vários dias na última campanha salarial foram uma luz amarela. Um alerta que passou a ser vermelho quando não se pronunciou frente às demissões dos dirigentes sindicais químicos em represália por essa luta. Fatos gravíssimos que para nós, socialistas e morenistas,  constitui uma violação à moral proletária. Mais ainda quando se desenvolveram no Vale de Paraíba, a principal região de atuação da Conlutas/PSTU e com grande repercussão na imprensa. Esta conduta é ratificada agora, visto que no panfleto da chapa 2 Conlutas/PSTU, de 03/05/12 denunciam a greve de dezembro  por ter causado ?tumulto? reproduzindo no mesmo cópia da imprensa patronal que fazia o jogo do patrão e falava em ?tumulto?, e não se denuncia nem denunciou nunca o verdadeiro responsável  do ?tumulto?: a PM truculenta à mando da Johnson e do governo de Estado, que proibiu com cassetete e gás pimenta, a realização de assembleias e impediu o livre  direito de greve. Sabemos que vocês não estiveram nos piquetes, mas um lutador classista  ainda sem  estar presente tem que  saber de que lado da luta se localizar!

Nessa luta, no entanto, o melhor da vanguarda que compõe o Fórum de Lutas do Vale, do qual o único ausente é o Sindicato dos Metalúrgicos dirigido pela Conlutas/PSTU que decidiu se auto isolar, visto que ficava em minoria, expressou de forma militante sua solidariedade com a greve agora questionada no panfleto pelo PSTU, e contra as demissões, dando um alto exemplo de solidariedade de classe, sem importar a qual central ou agrupamento  pertencesse cada um.

Quem acompanha a Conlutas/PSTU não fica surpreso com  estas atitudes. Há poucos meses, frente  às gravíssimas denúncias de corrupção comprometendo ao ex Ministro de Trabalho do governo Dilma, Carlos Lupi, em que  correntes da esquerda exigiram sua imediata saída e investigação, a Conlutas/PSTU ficou calada tentando evitar um atrito que comprometesse os trâmites para legalizar seu aparato sindical. Nos fatos, acabou se unindo às centrais governistas, CUT e Força Sindical, que ajudaram a abafar o caso para salvar Lupi e manter suas boas relações com o Ministro do Trabalho.

Depois, foi a hora de se integrar à Tripartite, uma mesa de negociação patrocinada pelo governo e os patrões para sentar com as organizações sindicais e negociar o fim das lutas explosivas na construção civil que percorrem o país questionando o brutal sistema de superexploração das empreiteiras amigas do governo. Como desgraça pouca é bobagem, o resultado das negociações da Tripartite foi catastrófico. Milhares de trabalhadores foram demitidos na tentativa de domesticar uma das categorias que mais luta no Brasil no atual período. Porém, enquanto os trabalhadores da construção civil continuam lutando e passando por cima das direções pelegas, a Conlutas/PSTU, acaba de ratificar sua participação na Tripartite, um modelo de negociação que privilegia o ?diálogo? à luta, no molde das ?Câmaras Setoriais? integradas pela CUT, historicamente criticada  pelas  organizações classistas.

A vanguarda lutadora rejeita o ?mandonismo? da Conlutas/PSTU

Por tanto, não se trata de um saco de maldades da Unidos Para Lutar e da Intersindical contra o Congresso da CSP Conlutas, como pretende disfarçar o Zé Maria na sua carta. Nunca visaríamos a luta sindical com tão baixos propósitos. Prova disto é que apesar da absoluta falta de solidariedade na repressão policial e as demissões durante a campanha salarial na Johnson, três meses depois, em fevereiro de 2012, a Unidos Para Lutar emprestou, desinteressadamente, sua sede em São José dos Campos para o funcionamento do Comitê de Campanha da chapa da Conlutas/PSTU nas eleições do Sindicato Metalúrgico.

O que está acontecendo, é uma reação normal de numerosos  setores da vanguarda lutadora, cansados com as políticas prepotentes, burocráticas e divisionistas da direção da Conlutas/PSTU. Antes de acusar, Zé Maria tem que se perguntar por que perderam a eleição na GM, principal base do sindicato metalúrgico que dirigem. Tem de se perguntar, por que 16 integrantes da Chapa dos metalúrgicos de Niterói que a Conlutas/PSTU alardeia dirigir assinaram em favor de nossa chapa nos Químicos e uma das referências da Conlutas nessa Chapa está militando com a Chapa 1 da Unidos Para Lutar no Vale.

A única mentira que aparece à vista é a afirmação do Zé Maria na sua carta: ?a CSP Conlutas visa a construção de uma entidade unitária?. O PSTU abortou essa possibilidade no CONCLAT quando tentou impor goela abaixo todo seu projeto se utilizando de uma circunstancial maioria e dividiu a vanguarda sindical brasileira. O PSTU só aceita a unidade quando consegue impor suas posições. Por isso na ADUFF (Associação Docente da Universidade Federal Fluminense) o PSTU  montou uma chapa de oposição... à outra chapa da Conlutas! E claro, acabou perdendo; por essas atitudes ficaram de fora da chapa da esquerda do ANDES. Agora, com estas políticas de ceder ao apelo do governo se integrando à Tripartite e de se utilizar da justiça burguesa para denunciar os lutadores, enterra ainda mais a possibilidade de unidade e gera novas divisões.

Mas na Conlutas/PSTU existem muitos companheiros honestos, lutadores de verdade, que não visam a defesa de um aparato e querem a unidade sem imposições para fortalecer as lutas. Ficou evidenciado no Congresso da Conlutas, em todos aqueles que votaram contra a participação da Conlutas na tripartite, ou ainda que votaram a favor que se tirasse o nome Conlutas e ficasse somente Central Sindical e Popular. A todos eles chamamos a impor uma mudança de rumo nessa corrente sindical, rejeitando a participação na tripartite, repudiando a denuncia frente à justiça burguesa dos lutadores do Sindicato Químico e rompendo com a chapa ligada aos RHs da Johnson e da Monsanto que promoveu essa ação.  Aí sim será possível rearticular a unidade para lutar de verdade contra o governo e os patrões.

Fonte: CST/PSOL – Corrente Socialista dos Trabalhadores – Maio de 2012
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