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Everton Vieira: O Jean Wyllys nunca está sozinho!

[Everton Vieira: O Jean Wyllys nunca está sozinho!]

O caso de Cunha no "Conselho de Ética" demorou uma eternidade. Para dar um parecer e querer punir injustamente um homossexual assumido, foi um relâmpago.

O teatro que envolveu a votação do golpe no dia 31 de agosto deste ano deixou evidente algumas questões:

As falas dos que votaram contra o impedimento da presidente legitimamente eleita citavam a classe trabalhadora, a população negra e periférica, as mulheres, a população LGBT, enfim, os subalternizados por esse sistema injusto. As falas dos parlamentares do meu partido, em especial, do companheiro Jean Wyllys e do camarada Glauber Braga, me emocionaram muito, pois meus correligionários mostram que nossa luta e nossas bandeiras são coletivas.

Paralelo a isso, a direita golpista não fez questão de esconder que votava em homenagem à sua família, seus filhos e tudo que pertence à esfera individual e privada.

Dia 31 de agosto foi mais um dia de luta coletiva e popular contra interesses privados e individuais, de feministas contra o machismo, do orgulho negro contra o racismo, da diversidade contra a LGBTfobia, da classe trabalhadora contra os interesses do grande capital. Era e continua sendo luta de classes.

No emblemático dia do golpe, eu estava em Brasília e presenciei tudo de perto. Foi uma das piores sensações que tive nesse curto período de vida. Lá no gramado, do lado esquerdo onde estavam as mais diversas tendências das esquerdas brasileiras, aqueles que sonham com um futuro livre das amarras do patriarcado e do capitalismo, eu vi trabalhador e trabalhadora chorando. Vi uma juventude desesperada e desamparada. Vi nos olhos de cada LGBT a tristeza de quem sabe que o golpe que se consolidaria era machista, misógino, homofóbico e transfóbico. Vi os mais diversos movimentos de mulheres lamentarem, pois já sabiam da violência contra as populações marginalizadas que viria a seguir. O golpe era gospel e fundamentalista, patriarcal e conservador, e deixaria nosso país totalmente de joelhos para os interesses do capital.

Após seis longos anos de violência simbólica e verbal, calúnias e difamações dentro de um espaço radicalmente conservador e homofóbico, Jean Wyllys, que foi provocado e humilhado por todos esses anos, REAGIU. Foi legitima defesa o cuspe do meu grande camarada, e TAMBÉM FOI MEU! Era o resultado do bullying sistemático, da agressão contínua e da violência homofóbica que nos atinge TODOS os dias da nossa vida.

A prova apresentada no conselho de ética para suspender o mandato de Wyllys era fraudulenta, com vídeo adulterado, e ainda assim, a decisão injusta e covarde veio no parecer do relator. São 120 dias de suspensão da única representação LGBT dentro da câmara dos deputados. É um ataque a mim, aos meus direitos que há muito foram sequestrados. Até então, o único caso de suspensão de mandato envolveu um deputado metido em um grande esquema de corrupção de Carlinhos cachoeira. O relator que quer suspender o mandato do meu camarada Jean Wyllys é do Partido Progressista (PP), um partido composto por um bando de ladrões do dinheiro público, com exatamente 32 de seus membros delatados na operação Lava Jato.

O caso de Cunha no "Conselho de Ética" demorou uma eternidade. Para dar um parecer e querer punir injustamente um homossexual assumido, foi um relâmpago. Você pode discordar de Jean, mas ele representa muita gente. Ele é o fio de esperança para muita gente que corre risco de vida todos os dias. Wyllys é um dos únicos deputados que se elegeu sem dinheiro legal ou ilegal de empreiteiras. Jean nunca votou contra os interesses da classe trabalhadora. A atuação do Jean no parlamento sempre foi honrada e aguerrida, e a punição relâmpago vem por uma razão clara e simples: ele está sendo punido pelo que é e pelo que defende; está sendo punido por ser homossexual e um dos maiores ativistas por direitos LGBT do país e do mundo. Este é o Brasil do golpe.

Essa história não acabará aqui, CANALHAS!

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