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FRANCISVALDO MENDES: DESEJAMOS UMA NOVA SOCIEDADE
Francisvaldo Mendes de Souza, Presidente da Fundação Lauro Campos e Marielle Franco
Desejar um feliz ano novo é pouco para nós da Fundação Lauro Campos e Marielle Franco do PSOL. Precisamos apontar os caminhos e as setas que podem construir os vetores de um novo ano no qual a felicidade seja uma realidade. Com corpos e pensamento vidrados no presente e na construção do futuro, para defender o melhor e não deixar que o pior inunde nossas vidas, não queremos apenas ganhar dinheiro, queremos desfrutar da felicidade por inteiro e não apenas da felicidade aparente. Precisamos enxergar as bases para um tão desejado “ano novo feliz”. Afinal, nós somos muitos, dedicados e trabalhadores e trabalhadoras com multiplicidades de inteligências, diversidades socio-históricas influentes e com potência para fazer valer a coletividade em defesa da felicidade humana. Esses são, portanto, os caminhos para um ano novo que construa novas formas de convivência e que siga as setas da felicidade. Trata-se da realização de satisfação pessoal e não a sensação de vitória efêmera, que se esvai com a procura de nova vitória causada pelo clima de disputa que o sistema capitalista impõe!
Não haverá o que se espera de “déspotas esclarecidos” ou de pessoas que vivem apenas o dia a dia sem construir sonhos utópicos e tornando apenas indivíduos sem capacidade de criatividade, nesse universo transubstancial sem ação singular que contribua para o coletivo ou para conquistas da humanidade. Verdade que mesmo os “déspotas esclarecidos” estão em falta e vivemos os signos da morte, da ignorância, das mentiras e dos descasos falsificados em nome da vida. Não podemos esperar dos “esclarecidos” as mudanças, muito menos da ignorância banhada pela falsidade que arquiteta as estradas atuais.
Vamos mudar o ciclo e fazer com que a maioria social existente, desse povo lutador e sábio, muitas vezes empíricos, seja também a maioria política em todas as dimensões, contra essa minoria “ameba” que esta no poder central atualmente.
Não é possível que um só governo seja arquiteto da política de morte com tanta facilidade e, também não é possível, nessa arquitetura a vibração da felicidade. Precisamos alterar essas condições em todos os sentidos, significados, ações e demonstrações para que a vida tenha prioridade. Para isso, precisamos lutar pelo novo e superar os limites impostos pelo sistema e o lucro, as barreiras criadas pela ganância e pelo individualismo. Assim, devemos superar as paredes da morte para correr em direção da felicidade.
Essa tarefa nos exige mudar a política em larga escala, inclusive ganhando eleições e atuar nas ações das múltiplas pernas do Estado. Nos é apresentado o desafio social pungente de construir organização solidaria, colaborativa e ativa na sociedade civil. Com formação, principalmente, e esclarecimento, investimento feito todos os dias na Fundação. Mas para além disso, é necessário construir organização permanente com bases sólidas e ações coletivas com força para a conquista de outro tempo. Novos tempos, iniciando um novo ano feliz, com organização, capacidade de discernimento e altivez.
Estamos no século XXI. Superamos no tempo os séculos passados e precisamos superar na história, o acúmulo que a humanidade construiu até os dias atuais, e avançar para acabar com todos os níveis de escravidão que ainda assolam nossas vidas. Devemos entender que nada ocorre naturalmente entre as pessoas, e ações são necessárias para construirmos as transformações. Vale destacar que essa desigualdade existente no Brasil não pode ser vista como normal ou correta, é uma aberração vivida hoje, assim como foi o período da santa inquisição, da escravidão, do holocausto, da ditadura, etc. Para derrubar essa miséria que muitos enfrentam é necessário taxar as grandes fortunas.
A Constituição, mesmo toda remendada, prevê esse mecanismo da taxação das grandes fortunas. Mas para isso se tornar real precisamos lutar permanentemente, com didática a ser compreendida, reivindicada e sustentada pela maioria das pessoas. Assim se abre uma estrada de construção de consciência coletiva com qualidade para superar a desigualdade que vivemos e também o capitalismo e apresentar um novo modelo de sociedade, solidário e coletivo.
As políticas atuais são das minorias que detêm o poder país, sendo importante frisar que poder e diferente de governo. Isso porque são as minorias que se sustentam através dos vários governos do país através da implantação de sua economia e da sua política. A grande maioria morre com o vírus na pandemia devido a política dessa minoria que permite esse genocídio coletivo. Afinal o Brasil possui 1/9 dos mortos do mundo enquanto é 1/3699 da população mundial. Nesse caso os números nos chamam atenção para identificar que há uma política muito equivocada devido a proporção tão desigual. Um ano novo exige, para novo ser, a superação dessa e de todas outras desigualdades que são destruidoras da vida.
Queremos e desejamos o melhor, com muita esperança na vida e na convivência entre os iguais e diferentes. Está ai um ponto fundamental para o nosso novo ano, juntar iguais e diferentes, em uma onda potente e avassaladora, para superar as injustiças. Superar as práticas, as ações, as tormentas, as políticas que são desiguais. Não podemos ver com olhar de natural os lucros dos maiores bancos, que acumularam mais 17 bilhões no último período.
Um ano novo na luta por salários justos na vida, afinal o DIESSE aponta para um salário mínimo necessário de 5.289,53 reais mensais. E basta seguir o que diz a Constituição remendada que vige no Brasil para entender o que o DIEESE esclarece com excelência. O salario mínimo atual é de 1.045,00 enquanto os daqueles que organizam o poder é no mínimo maior que 20.000,00 (vinte mil) reais, como de políticos, juízes, promotores, empresários etc.
Precisamos de banhos de esperança, dignidade e coletividade para um impulso de sujeitos para que o Brasil mude e seja colaborador na mudança internacional pela vida. Conquistas necessárias com a garantia, ao menos, que a Constituição de fato seja respeitada para pavimentar nossas estradas para um ano novo feliz, rumo a uma nova sociedade. Então vamos fazer com que o ano seja feliz conquistando na política, na ação coletiva, na organização dos sujeitos para um mundo digno e um outro Brasil. Assim poderemos, como sujeitos dessa história, falar e comemorar a felicidade em 2021.