Início | Notícias | Geral | LGBT
LGBT's de todo o mundo UNI-VOS!
Segundo dados da Organização das Nações Unidas (ONU), ter um parceiro do mesmo sexo ainda é considerado um crime em 76 países do mundo. Os crimes de ódio contra a população LGBT, como o que aconteceu recentemente em Orlando, com 50 mortos, ainda são uma triste realidade no mundo.
Por Jean Wyllys:
Hoje é o Dia Internacional do Orgulho LGBT. Diversas cidades no Brasil e no restante do mundo terão eventos culturais, manifestações e adornos especiais em homenagem às populações de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e pessoas trans.
A data foi escolhida em homenagem a Rebelião de Stonewall Inn, considerada o marco inicial do movimento de igualdade civil da comunidade LGBT no século XX. Em 28 de junho de 1969, um grupo de policiais invadiu bares frequentados por homossexuais e transexuais em Nova York, entre eles o Stonewall Inn, e prenderam diversas pessoas. Em resposta àquela ação policial, houve uma rebelião da comunidade LGBT que começou no pequeno bar da Christopher Street, que ainda existe e foi recentemente declarado monumento nacional, decisão que foi anunciada pelo presidente Barack Obama após o massacre em um outro bar também frequentado por LGBTs, também nos EUA, mas agora em Orlando e no ano de 2016. Os frequentadores de Stonewall, liderados por um grupo de lésbicas e travestis, enfrentaram a polícia, provocando uma onda de protestos que significaram o nascimento do conceito de "orgulho" LGBT. A revolta se tornou símbolo e, no ano seguinte, no primeiro aniversário desse episódio, Nova Iorque, San Francisco, Chicago e outras cidades dos EUA tiveram as primeiras paradas do orgulho LGBT do mundo.
Nascia, assim, um movimento pelos direitos civis que continua vivo quase meio século depois, num mundo que avançou muito graças a ele.
No Brasil, meu mandato tem se pautado pela continuação daquela luta iniciada na revolta de Stonewall. Ainda hoje lutamos pela igualdade formal e pelo fim da discriminação e o preconceito no nosso país e no mundo. Sou autor de vários projetos de lei, campanhas e projetos em favor da igualdade de direitos para a comunidade LGBT. Logo no início do meu primeiro mandato, lancei uma campanha nacional pelo direito ao casamento civil entre pessoas do mesmo sexo, que ganhou o apoio de dezenas de artistas e representantes da sociedade civil e da cultura, assim como de centenas de milhares de pessoas que a apoiaram nas redes sociais.
Apresentei o projeto de lei de casamento civil igualitário e recolhi assinaturas para uma emenda constitucional. Como o Congresso, tomado por conservadores, fundamentalistas religiosos e fascistas, engavetou essa demanda, meu mandato provocou o Judiciário, através de uma representação assinada pelo PSOL e a ARPEN-RJ perante o Conselho Nacional de Justiça, que finalmente regulamentou o casamento civil igualitário em todo o país. Apresentei também o projeto de lei de identidade de gênero (a "Lei João Nery"), que garante o direito das pessoas trans (travestis, transexuais e transgênero) a mudar de nome e de sexo nos registros civis, de forma gratuita e sem necessidade de diagnósticos médicos patologizantes ou decisões judiciais arbitrárias, e assegura também o direito deles e delas a decidir livremente sobre seus corpos e receber a assistência gratuita do SUS para o processo transexualizador. Além disso, meu mandato luta pelo fim do bullying homofóbico nas escolas, que lança prematuramente crianças e adolescentes na depressão e, nos casos mais dramáticos, no suicídio. Apresentei diversos projetos no Congresso e levei aos ministérios as reivindicações dos movimentos com relação a direitos civis, inclusão social e combate ao preconceito. E, a cada ano, meu mandato lidera a organização dos seminários LGBT do Congresso Nacional, que servem para o debate de propostas e iniciativas da sociedade civil.
O parágrafo anterior é apenas um breve resumo das iniciativas que tocamos juntos com muita gente que está na luta por um Brasil com igualdade e liberdade, sem preconceitos e com mais orgulho. É uma luta necessária no mundo inteiro.
Segundo dados da Organização das Nações Unidas (ONU), ter um parceiro do mesmo sexo ainda é considerado um crime em 76 países do mundo. Os crimes de ódio contra a população LGBT, como o que aconteceu recentemente em Orlando, com 50 mortos, ainda são uma triste realidade no mundo. No Brasil, segundo o Grupo Gay Bahia, foram registradas 319 mortes no ano passado, o equivalente a um crime a cada 27 horas. Para mudar essa realidade, lutamos também pela representação de LGBT's na política e nos postos mais qualificados de trabalho. Sou orgulhosamente gay assumido. Tenho orgulho de sê-lo dentro de uma casa de homens preconceituosos, como é o Congresso Nacional. E sei que não estou sozinho, porque faço parte de uma população de milhões de pessoas. Hoje (mas também amanhã!) celebramos o orgulho e a alegria de ser quem somos.