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Pedidos de prisão de Janot contra cúpula peemedebista reforçam ilegitimidade do governo Temer
Para líder do PSOL, o fato de hoje mostra que o governo liderado pelo PMDB não para em pé. “O centro da corrupção está no próprio governo e pode atingir o presidente interino. Isso é o aprofundamento total da crise
Esta terça-feira (07/06) amanheceu quente em Brasília para a cúpula do PMDB. O novo capítulo da novela envolvendo o governo ilegítimo de Michel Temer e seus aliados são os pedidos de prisão contra o presidente do Senado, Renan Calheiros (AL); o ex-senador José Sarney (AP); o atual senador e então ministro interino do Planejamento, Romero Jucá (RR); e o presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha (RJ), apresentados pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ao Supremo Tribunal Federal (STF). O motivo central alegado pelo PGR é o que estava cada vez mais explícito no processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff: o empenho de todos os aliados de Temer, em especial da cúpula pemedebista, para obstruir as investigações da Operação Lava Jato.
Nas mãos do ministro Teori Zavascki, o caso ainda precisa ser julgado pelo STF. Segundo o jornal O Globo, os pedidos estão com o ministro há pelo menos uma semana, mas somente agora o caso veio a público.
O fato novo, que deixa o governo Temer ainda mais na corda bamba pelo seu grau de ilegitimidade, inaugura uma iniciativa da PGR, que pela primeira vez em sua história pede a prisão de um presidente do Congresso e de um ex-presidente da República. No caso de Renan, Sarney e Jucá, a base para os pedidos de prisão tem relação com as gravações feitas pelo ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado, envolvendo os peemedebistas. Pelas conversas, as negociações em torno do processo de impeachment incluíam, também, estancar as investigações do esquema de corrupção da Petrobras.
Já em relação a Eduardo Cunha, segundo informações divulgadas pelo jornal Folha de São Paulo, a Procuradoria avalia que a determinação de suspender o peemedebista do mandato e da Presidência da Câmara não surtiram efeito, sendo que ele continuaria tentando atrapalhar as investigações contra ele na Justiça e no Conselho de Ética da casa, que julga hoje o processo protocolado pelo PSOL e pela Rede.
PSOL espera agilidade do Supremo no julgamento dos pedidos
Para o deputado Chico Alencar (RJ), com esse acontecimento de hoje é preciso aumentar a pressão para que todos os citados nas investigações da Lava Jato, incluindo esses que fazem manobra para que ela acabe, sejam devidamente punidos. Além disso, o deputado do PSOL afirma que o pedido também aumenta a necessidade de pressão para que o Conselho de Ética aprove a cassação do mandato de Eduardo Cunha.
Glauber Braga (RJ) questiona o tempo que o STF tem levado para julgar ações que envolvem as investigações da Lala Jato, especialmente pelo fato de o pedido já estar com Teori Zavascki há uma semana. “Se a Procuradoria tem convicção de que os presidentes da Câmara e do Senado agiram pra barrar investigações e o fizeram , a partir do que está nas gravações, utilizando, entre outros expedientes, o processo de impeachment, não estaria passando da hora de uma decisão do Supremo, deixando claro que o processo de impedimento foi todo viciado a partir da sua condução? Ou será que Teori esperará mais 140 dias para proferir uma decisão até que esteja plenamente consolidado o apoio ‘magistral’ ao governo ilegítimo de Temer?”, considera Braga. Ele ainda completa a provocação: “O questionamento é voltado àqueles que já se deram conta que a omissão nesse episódio se confundirá com cumplicidade e não querem ser reconhecidos como agentes de uma fraude”.
Na avaliação do líder do PSOL, deputado Ivan Valente (SP), os pedidos de prisão feitos pela PGR mostram que o governo liderado pelo PMDB não para em pé. “O centro da corrupção está no próprio governo e pode atingir o presidente interino. Isso é o aprofundamento total da crise”, disse Valente.
O presidente nacional do partido, Luiz Araújo, lembra que a decisão do procurador Rodrigo Janot acata pedido feito pelo PSOL, logo após as revelações das gravações de Sérgio Machado. Ele também cobra celeridade do STF no julgamento do caso. “O mínimo que se espera do STF é que não acoberte o crime organizado e prove ao povo brasileiro que seus juízes não compactuam com o salvo conduto da cúpula do PMDB, que garantiu o golpe”.