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POSIÇÃO DO FORTALECER O PSOL SOBRE A DISPUTA DA PRESIDÊNCIA DA CÂMARA DOS DEPUTADOS

[POSIÇÃO DO FORTALECER O PSOL SOBRE A DISPUTA DA PRESIDÊNCIA DA CÂMARA DOS DEPUTADOS]

As eleições de 2020 foram uma batalha em que o PSOL obteve frutos importantes e é preciso preservá-los, para poder potencializá-los nos próximos anos. A contingência eleitoral fortaleceu nossa política de candidaturas próprias, abrindo espaço para o PSOL se apresentar com sua política para milhões de brasileiros/as. Esse capital político está diretamente associado a reorganização da esquerda no seio da sociedade. É na luta por um retorno ao protagonismo dos movimentos sociais de nossa classe, que precisam canalizar suas demandas e lutas numa alternativa política, que o PSOL ganha um protagonismo fundamental, caso não fique atrelado aos esquemas do passado e aos erros cometidos pelos partidos que constituíam a velha frente popular. Vide o resultado eleitoral do PCdoB, PSB e PDT que reduziram drasticamente sua influência e a situação do PT que estabilizou seu eleitorado pós uma perda de mais de 10 milhões de eleitores.

É nesse marco que se insere o debate sobre a Mesa da Câmara dos Deputados, que em outros momentos era uma discussão menor, hoje ganha outra relevância.

Em primeiro lugar, esse não é um debate sobre esquerdismo infantil ou pragmatismo degenerado. É um debate sobre o papel dos socialistas no parlamento burguês e sua tática conjuntural. 

É verdade que uma postura pragmática garante sempre algum ganho político imediato, seja ele um espaço na mesa diretora ou uma política menos antidemocrática em uma escala de tons de cinza. Mas, vitórias imediatas podem programar derrotas de médio e longo prazo.  

É preciso levar em conta que a conjuntura política polarizada demarcou fortemente os campos políticos no Brasil. É preciso ressaltar claramente as demarcações para que nosso povo saiba quem é quem. O grande marcador da divisão política do último período foi o Golpe de Estado de 2016, quando as elites brasileiras e todos seus aparatos político-jurídico e político-midiático se unificaram para desautorizar o voto popular e derrubar o desacreditado governo de Dilma Rousseff, sem nenhum crime que justificasse um impeachment. 

A preocupação com a possível vitória de Arthur Lira, apoiado por Bolsonaro é legitima. Porém, é preciso compreender uma questão prática: para ser eleito no primeiro turno Lira precisaria de exatamente 257 votos.  Ou seja, impedir que Lira não vença no primeiro turno nada tem a ver com o fato da esquerda ter ou não candidatura no primeiro turno das eleições, levando em conta que com ou sem candidatura nenhum voto do PSOL será para Arthur Lira.

A dificuldade dos que defendem a frente com Maia desde o primeiro turno é compreender que um suposto ganho político imediato pode se tornar uma desmoralização política para todo campo da esquerda em pouquíssimo tempo e o resultado disso pode ser um cenário temerário com uma correlação de forças muito pior.

O apoio a Baleia Rossi/Rodrigo Maia desde o primeiro turno reforça a disputa política entre a direita liberal e a extrema-direita. Ambas com o mesmo projeto econômico de destruição nacional, desmonte dos direitos, desemprego e miséria. No segundo turno da capital paulista, a candidatura de Boulos precisou enfrentar a narrativa de que a candidatura equilibrada era a de Bruno Covas, pois a esquerda e o bolsonarismo representariam projetos “radicais”. A disputa no primeiro turno das eleições internas na Câmara Federal é uma importante oportunidade de mostrarmos que quem tem similaridades com o programa bolsonarista é à direita liberal, em especial o seu programa econômico.

A disputa de narrativas inteligíveis estão intimamente ligados aos fracassos e derrotas no movimento e nos processos eleitorais. Vejamos exemplo do PCdoB, principal representante na esquerda da “Frente Amplíssima” com Maia e que tomou uma pancada eleitoral nas duas últimas eleições e teve uma retração de votos muito significativa. A realidade impôs dois caminhos para o PCdoB: voltar a fazer política no campo da esquerda ou fundir-se com um partido mais à direita para não sumir. Não podemos submeter o conjunto da esquerda a essa miséria política.

Maia não é igual Bolsonaro, mas uma aliança desde o primeiro turno acaba por fortalecer a própria narrativa bolsonarista que se postula como alternativa “antissistêmica”. A linha justa é defender uma candidatura de esquerda. Quem diz que uma candidatura de esquerda ajuda o governo, ou desconhece as regras ou pretende de qualquer forma um apoio ao Maia desde o primeiro turno, uma adesão pura e simples sem compromissos programáticos.

O recado que passa para as massas trabalhadoras exploradas e oprimidas, de uma aliança com os golpistas desde o primeiro turno isto é a desmoralização política. Novamente, o combustível que alimenta o bolsonarismo e a antipolítica é a ideia de que “são todos iguais” e o bolsonarismo é a política supostamente antissistêmica. O fato de Bolsonaro se apresentar como o candidato supostamente “antissistêmico” em 2018 é uma leitura pacificada na esquerda e mesmo assim os defensores da frente com Maia desde o primeiro turno não conseguem compreender a derrota política que podemos encarar em breve, caso essa linha se concretize. A política é dialética e não tem fatalismos, mas será difícil nos livrarmos dessa desmoralização de chamarmos de “novos aliados” os que ontem chamávamos de golpistas.

Essa linha de “frente amplíssima” com DEM, PSL, PSDB, PMDB e derivados legitima toda a ladainha bolsonarista. A composição com Baleia/Maia desde o primeiro turno não enfraquece o Bolsonaro, isso é um equívoco de quem ainda não compreendeu a nova dinâmica da disputa de narrativas.

Uma Aliança só no segundo turno das eleições e com demarcações importantes sobre programa e a necessidade de derrotar o bolsonarismo. 

A nossa tarefa nesse momento, deve ser a de cerrar fileiras em defesa das conquistas históricas da classe trabalhadora, do SUS, da educação pública, do meio ambiente, na defesa da soberania nacional, em síntese, contra o ultraliberalismo e, para isso, uma candidatura de esquerda no primeiro turno das eleições para a presidência da Câmara Federal é essencial.

 

13 de Janeiro de 2021.

Coordenação Nacional do Fortalecer o PSOL

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