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Prefácio à terceira edição do livro "TROTSKI A paixão pela utopia" do autor Chico Cavalcante

[Prefácio à terceira edição do livro

Prefacio escrito por Mário Azeredo e Berna Menezes

Prefácio à Terceira Edição

“Aquele que se ajoelha diante do fato consumado não é capaz de  enfrentar o futuro”, escreveu Leon Trotski. Assim o revolucionário encarava os  debates políticos e teóricos e, mais do que eles, a própria vida.

Trotski mergulhava nos problemas em profundidade para compreendê los e dar respostas aos desafios históricos, que não foram poucos durante sua  existência. Esse é o primeiro legado do velho bolchevique, não podemos ficar na  comodidade do senso comum, na superfície da realidade.

O “Velho”, como era carinhosamente chamado por seus companheiros,  pagou com a própria vida a ousadia de pensar e agir contra a corrente. Neste  agosto, faz 81 anos que Trotski foi proscrito, banido da história da ex-URSS e  dos meios intelectuais do Ocidente. O mesmo ocorreu com seus partidários  que foram perseguidos, reprimidos e muitos tiveram o mesmo fim: a execução.  Seu assassinato foi a tentativa desesperada de apagar a história e as ideias desse  revolucionário marxista, pois era o fio condutor da primeira experiência vitoriosa  de nossa classe no poder, a grande Revolução de 1917.

O uso das fake-news, tão em voga nos dias atuais, teve como precursor a polícia política de Stalin. Mentiras, calúnias, campanhas difamatórias e assassinatos  foram os métodos usados para atacar e apagar a experiência revolucionária.  No caso do fundador e Comandante do Exército Vermelho, elas vieram com a  tentativa de calar sua voz, depois o exílio forçado, o assassinato de seus filhos, a  proibição de que aparecesse qualquer citação de Trotski nos jornais e livros de  história. Até mesmo fotografias foram adulteradas, na tentativa de sumir com o  dirigente que, junto com Lenin, comandou a grande Revolução Russa. Depois de  um atentado frustrado, o assassinato.

Em “Trotski: A paixão pela Utopia”, Chico Cavalcante resgata a história,  as polêmicas e as concepções que moveram milhões de revolucionários nesses  últimos 100 anos no mundo. E, que estão mais atuais do que nunca!

Naquele ano de 1940, as principais nações capitalistas já estavam armadas  até os dentes, para garantir seus mercados e seus lucros. A ascensão do nazismo  na Alemanha, Franco na Espanha, Mussolini e seus camisas negras na Itália e o  imperialismo japonês, buscavam por todos os meios ampliar seu domínio num  capitalismo em franca decadência. As fronteiras nacionais eram uma camisa de  força, que impediam o desenvolvimento das forças produtivas. E, como sabemos, o  capital é incapaz de transformar o Estado em um Estado globalizado, recorrendo  sempre a conflitos e guerras pela hegemonia do sistema capitalista.

A solução encontrada pelos representantes dos países imperialistas para  sair da grande depressão de 1929 foi a destruição das forças produtivas. A II  Grande Guerra destruiu fábricas, pontes, ferrovias e cidades inteiras. Mais de 40  milhões de civis foram mortos e 20 milhões de soldados perderam suas vidas nos  campos de batalha, desses, metade eram soviéticos que enfrentaram a invasão  nazista e na contraofensiva derrotaram Hitler e seus nazifascistas nas ruas de  Berlim. No Oriente, os EUA inaugurava uma nova etapa do enfrentamento bélico  mundial, com a explosão de duas bombas atômicas sobre as cidades de Hiroshima  e Nagasaki, levando a rendição incondicional do Japão.

Em 1945, a guerra termina com o grande pacto pela divisão do mundo  entre os países imperialistas e a ex-URSS. Só que o acordo, que incluía a  coexistência pacífica entre capitalismo e stalinismo, não foi suficiente para deter  as revoluções e revoltas em todos os continentes. Assim foi com a Revolução  chinesa, coreana, cubana e vietnamita, ainda que tenham impedido a vitória da  Resistência Francesa, das rebeliões Grega e da antiga Tchecoslováquia. Esse foi o  preço que a humanidade pagou para que o capitalismo saísse de sua crise terminal.

Por certo, nem todos os prognósticos de Trotski se confirmaram, mas  no fundamental a realidade comprovou que ele estava certo. Sob o capitalismo,  vamos de crise em crise até a destruição da civilização e dos recursos naturais.  A teoria do socialismo em um só país era reacionária e que, cedo ou tarde, as  massas derrubariam a burocracia stalinista, democratizando o primeiro Estado  dos Trabalhadores, ou a União Soviética voltaria a ser capitalista. Em 1937, no  Prefácio à primeira edição do Manifesto Comunista de Marx e Engels para a África  do Sul, conhecido como A Atualidade do Manifesto do Partido Comunista, Trotski  relembra: “...segundo Marx, nenhuma ordem social deixa a cena da História antes  de haver esgotado todas suas possibilidades. Entretanto, uma ordem social, mesmo  já tendo caducado, não cede seu lugar sem opor resistência a uma nova ordem. A  sucessão dos regimes sociais supõe a mais áspera luta de classes, isto é, a revolução. Se o  proletariado, por uma razão ou outra, se mostra incapaz de derrubar a ordem burguesa  que sobrevive, não resta ao capital financeiro, em luta para manter seu domínio abalado,  senão transformar a pequena burguesia, por ele levada ao desespero e à desmoralização,  em um exército de terror do fascismo.”

Após todos esses anos do assassinato de Trotski, a União Soviética e os  países ditos socialistas já não existem mais. De Estados Operários se converteram  em Estados Capitalistas e entramos em uma nova época de crises sob o comando  do capital financeiro internacional, de disputa pela hegemonia do sistema mundial  – agora entre EUA e China – e o ressurgimento das aventuras e saídas de extrema direita. Cenário agravado pela urgência de soluções para a acelerada destruição  da natureza e do aquecimento global, fruto da lógica do lucro acima da vida,  imposto pelo sistema capitalista.

É nesse contexto que o presidente dos EUA, Joe Biden, anunciou um  projeto de US$ 6 trilhões de dólares de investimento em 10 anos. Faz isso, se  apoiando na grave crise social em que setores da classe trabalhadora de seu  país se encontram e principalmente pela disputa de hegemonia com a China. No  entanto, ambos os países não podem fugir a lógica de acumulação do sistema, e  se apoiarão numa maior exploração de seus povos, das nações dependentes e  da destruição da natureza como parte das “tendências destrutivas inerentes a  reprodução do Capital” (1).

O caso da China é emblemático, para sair da crise de 2008, se endividou  e investiu pesadamente em infraestrutura, moradia e urbanização forçada. De 30  milhões de desempregados com a crise, os chineses recuperaram 27 milhões,  até final de 2009. Esse plano governamental teve um enorme impacto. A China  consumiu 6,651 bilhões de toneladas de cimento entre 2011 e 2013, mais do que  os EUA utilizaram em todo o Século XX (4,405 bilhões de toneladas). Se a cada  crise a China aplicar de forma exponencial esses planos, o planeta não suportará.  As consequências desse consumo exacerbado, já é possível sentir no dia a dia.

O aquecimento global não é uma fantasia. As temperaturas estão  descontroladas. No inverno passado nevou no Texas, o Canadá enfrenta  temperaturas de 46,6°C neste verão, em Utah, nos EUA, chega a mais de 46°C e  38°C na cidade de Verkhoiansk, na Sibéria. E, mais recentemente as devastadoras  enchentes na Alemanha, Bélgica, Holanda e China. Segundo a ONU, 1 milhão de  espécies de 8 milhões existentes, estão ameaçadas de extinção. A propagação de  vírus e bactérias levando a novas pandemias que, inevitavelmente, vão ocorrer  com mais frequência. Tudo está diretamente ligado à exaustão do modo de  produção capitalista.

A concentração da riqueza deu um salto em plena pandemia, chegando  a números imorais. É um escândalo que somente 1% da população do Brasil,  da China e dos EUA detém, respectivamente, 40,6%, 30,6% e 35,3% de toda a  riqueza produzida nestes países. Os representantes das grandes corporações  se aproveitaram da crise econômica e da Pandemia do Covid-19, ficando mais  ricos. Enquanto isso, milhões de empregos foram destruídos, aumentando a  superexploração da força de trabalho, a miséria e a fome.

Esses dados mostram que é irracional e inviável manter a lógica  da acumulação de capital. A cada crise surge um excedente de capital mais  concentrado e centralizado e uma explosão de desemprego e de miséria. No  caso do regime de Capitalismo de Estado da China, é evidente que a planificação  econômica e o papel regulador do Estado na economia foram mais eficazes do  que a dita economia de “livre mercado” do governo americano. Este, em 2008,  salvou bancos e empresas com dinheiro público para que fossem investidos na  economia real, o que não ocorreu. Os beneficiados se refugiaram no “mercado  de capitais” para continuar especulando. Em ambos os casos, as respostas se  demonstraram insuficientes e estão levando o sistema a crises recorrentes de  maior profundidade e duração. O novo normal é de estagnação e miséria, com  uma queda na taxa de lucros que vem se repetindo há pelo menos 30 anos.

As consequências da crise de 2008, foram sentidas em 2011, com  explosões sociais que varreram todos os continentes. O mapa dos países do  norte da África foi redesenhado, governos foram derrubados e uma nova geração  de lutadores ganhou protagonismo. Os Indignados na Espanha, os estudantes no  Chile e o movimento Ocupe Wall Street nos EUA, protestam contra as medidas  ultraliberais e a corrupção do Sistema Financeiro. Os efeitos dessa crise seguem  cobrando sacrifícios da Classe trabalhadora em nível mundial.

A Conferência do Clima, o papel da Organização Mundial de Saúde (OMS)  e a resposta que o SUS deu a pandemia, mesmo com todo o boicote do governo Jair Bolsonaro, demonstram que é necessário e possível planejar a produção das  coisas e a reprodução da vida e enfrentar a injusta divisão internacional do trabalho  sob a ótica do capital. É inadmissível que três ou quadro grandes corporações  centralizem e monopolizem a produção e comercialização de vacinas, máquinas e  equipamentos ao ponto de o Brasil sequer produz máscaras e seringas. O sistema  capitalista a cada dia se mostra obsoleto, antiquado e irracional.

As lições do entre guerras não devem ser esquecidas, nem subestimadas.  O imperialismo empurra para a miséria cada vez mais trabalhadores e coloca no  desespero setores da classe média. E esse processo abre as portas do inferno  para que a extrema direita entre em ação. Estas correntes têm como porta-vozes  Trump nos EUA, Marine Le Pen na França ou o Vox e o PP na Espanha. Assim como,  aqui na América do Sul surgem Jeanine Ánez na Bolívia, Keiko Fujimori no Peru,  José Kast no Chile e Bolsonaro no Brasil. O que esses sujeitos têm em comum  são os traços fascistas e o negacionismo em relação à pandemia do Covid-19 e  à ciência. Eles são contra os direitos dos trabalhadores e seus instrumentos de  luta, como os sindicatos e os partidos políticos de esquerda. Sem exceção, são  pró-imperialistas, agentes do capital financeiro e das grandes corporações. Os  fascistas vieram para ficar e disputar os rumos da sociedade. Trump perdeu as  eleições, mas antes, fez uma demonstração de força com a tentativa de ocupar o  Capitólio, o Congresso dos EUA. Assim como naquela época, agora também, as  massas reagem em defesa da civilização, contra a barbárie capitalista.

No Brasil, as massas saíram às ruas em 2013. Foram reprimidas e o  governo do PT respondeu mal as mobilizações. Haddad, então prefeito de São  Paulo, chegou a ir para a TV, junto com Alckmin, governador tucano, dizer que era  impossível reduzir em R$ 0,20 as tarifas dos transportes públicos. As mobilizações  seguiram crescendo e o povo obteve vitórias como a redução das tarifas de  transportes e o “Programa Mais Médicos”.

Mesmo com essa contradição, a maior parte da população deu mais um voto de confiança ao PT ao garantir seu quarto mandato em 2014. Porém, a política  de austeridade de Dilma, jogou o Brasil em sua maior recessão. O golpe de 2016,  que destituiu Dilma, a Lava Jato e a prisão de Lula, se inserem nesse contexto  e foi parte de uma onda internacional extremamente reacionária. Movimento  que tinha como objetivo central aprofundar as contrarreformas ultraliberais –  trabalhista, previdenciária, entrega da Base de Alcântara e privatizações do pré-sal,  da BR-Distribuidora, da Eletrobrás e dos Correios.

Como alertava Trotski em 1937, o capital financeiro desmoraliza e  leva ao desespero parcelas crescentes da pequena burguesia e da classe média,  estimulando o surgimento de figuras fascistas e de estados policiais. Bolsonaro é  parte dessa reação de extrema direita. Diariamente, ele instiga os seus seguidores  contra as instituições da República, estimula a violência e agressão contra os  indígenas e seus territórios, os Sem-Terra, as mulheres, os negros, a comunidade  LGBTQI+, ameaça os meios de comunicação e ataca os direitos dos trabalhadores.

O projeto do governo Bolsonaro, além de fascista e corrupto, segue  a orientação ultraliberal e tem amplo apoio do patronato, dos banqueiros,  dos partidos da burguesia tradicional e dos meios de comunicação, como a  Globo. As consequências, o povo já está sentindo e sofrendo, com a ampliação  dos problemas sociais, aumento do desemprego, do subemprego, da fome, da  violência de Estado sobre as periferias e organizações sociais. E como parte dessa  superexploração, aprofunda a destruição da natureza, para beneficiar os ramos da  economia brasileira que estão enquadrados na Divisão Internacional do Trabalho,  como o agronegócio, as mineradoras, as madeireiras e o capital financeiro.

Neste momento, em que estamos escrevendo esse Prefácio, Bolsonaro  está bastante fragilizado. A mídia nacional e internacional expõe diariamente a  política genocida de Jair Bolsonaro, que ceifou a vida de mais de meio milhão de  brasileiros. Mas os crimes de Bolsonaro não param por aí. Escândalos como o  tráfico ilegal de madeira, obstrução de justiça e da fiscalização de desmatamento e queimadas e ocupação de terras indígenas por mineradoras e garimpo ilegal. Além  disso, a CPI do Covid-19 está desbaratando um esquema de corrupção na compra  da vacina indiana Covaxin, que envolve diretamente a família Bolsonaro.

O fato que determinará o futuro de Bolsonaro é o retorno das massas  às ruas. As manifestações dos dias 29 de maio, 19 de junho, 3, 13 e 24 de julho,  marcam uma nova conjuntura em plena pandemia em que os atos bolsonaristas  perdem força e os dos movimentos sociais, das centrais e das frentes, ganham  dimensões históricas. As mobilizações estão colocando o Brasil em sintonia com  os demais países do continente como Chile, Bolívia e Colômbia. Essa é uma  tendência internacional de rechaço dos povos contra o ultraliberalismo, onde  a luta do povo chileno e do colombiano são a expressão mais contundente no  enfrentamento aos governos policialescos protofascistas, como o de Duque e de  Piñera, que beiram a uma guerra civil.

Os aliados de Bolsonaro em âmbito internacional já acumulam alguns  revezes importantes, como a derrota eleitoral de Trump, a vitória do professor  Pedro Castillo no Peru, a derrota dos golpistas na Bolívia e a esmagadora vitória  dos setores progressistas e de esquerda na Constituinte Chilena. Todas estas são  expressões da luta de classes que está profundamente polarizada e que tende  a se radicalizar. Podemos afirmar que tem pouco ou nenhum espaço, para os  conciliadores de plantão. As direções do movimento que veem uma vitória  eleitoral nas eleições de 2022, como uma possibilidade para fechar a crise e  derrotar o bolsonarismo, estão totalmente equivocadas. Buscam aliados no  campo do inimigo de classe, dos mesmos que articularam o golpe e que aplicam  o ultraliberalismo contra o Povo Trabalhador.

Como Trotski deixou registrado na abertura do Programa de Transição:  “A situação política mundial no seu conjunto caracteriza-se, antes de mais nada,  pela crise histórica da direção do proletariado”. Por isso, construir relações  internacionais e fortalecer as organizações dos trabalhadores no movimento social, sindical e político-partidário é uma questão de vida ou morte.  Neste sentido, Chico Cavalcante teve um insight importantíssimo. Escrever  a síntese da vida e obra do revolucionário marxista Leon Trotski, foi fundamental  para armar a vanguarda do presente e ajudar as gerações futuras a compreender  o que se passou no Século XX, as duas guerras mundiais, a Revolução Russa e o  desmoronamento do bloco soviético, as dezenas de revoluções e guerras civis.  Assim como a leitura de suas contribuições nos ajudam a entender a atual política  do imperialismo. Como a China saiu da crise de 2008 e porque o Consenso de  Washington perde importância e o Estado retoma o protagonismo nas economias  dos países centrais. Como a onda conservadora e reacionária protofascista, que  cobriu o continente sul-americano nessa última década, começa a ser derrotada  pelas massas trabalhadoras, indígenas, juventude, mulheres e negros que saem às  ruas, porque não suportam os efeitos ultraliberais de um capitalismo decadente.  Não devemos superestimar, nem subestimar as forças do bolsonarismo. Os  setores fascistas ligados as forças de segurança e parte das alas ultraconservadoras  das religiões, são a base mais firme de Bolsonaro. São os milicianos, uma base  armada, um embrião de bandas fascistas, com vínculo com o Estado, envolvidos  com o crime organizado, narcotráfico, tráfico de armas e a contravenção nas  periferias do Rio de Janeiro e em menor medida em outros estados.  Em última instância, é necessário que a esquerda se apoie no método  marxista para elaborar um programa que incorpore as demandas e o papel  dos movimentos antirracistas, ecologistas e os feministas e forme uma direção  consequente, que unifique as ações dos trabalhadores e dos povos contra o  sistema e a extrema direita. Uma Direção que não apresente os inimigos de classe  como aliados, nem fique no meio do caminho com as reformas estruturantes/ transicionais que a sociedade necessita. Nesse ponto, Trotski nos deixou  importantes lições sobre o combate que ele travou contra as Frentes Populares na  Espanha e França nos anos 30 do século passado, que subordinaram os interesses dos trabalhadores aos da burguesia. Como nos dias atuais, que os setores sociais  liberais capitaneados por Lula, querem impor aos demais setores da esquerda e  democráticos, as frentes amplíssimas com os setores da burguesia golpista, sem  se preocupar com o debate programático, somente com o cálculo eleitoral.

Nossas posições políticas e metodológicas devem levar em conta o  acúmulo teórico e a experiência de vida de Leon Trotski, como fio condutor do  Socialismo democrático e internacionalista.

No Brasil estamos em plena batalha contra a conciliação de classes.  E o PSOL, um partido aguerrido, mas ainda pequeno para as tarefas que estão  colocadas, tem em suas fileiras muitos revolucionários socialistas, que não se  deixaram encantar com os calendários eleitorais e as medidas reformistas ditas  de “baixa intensidade”, que ajudaram a desmobilizar a vanguarda nesses últimos  30 anos. O PSOL é uma aposta e precisamos garantir que se consolide como uma  referência de independência de classe e não capitule ao senso comum. E combata  o facilismo do pragmatismo eleitoral, assim como o sectarismo, dois desvios que a  esquerda consequente precisa evitar.

Chico Cavalcante é categórico sobre o verdadeiro motivo do  assassinato de Trotski a mando de Stalin: “Mas o assassinato de Trotski não foi,  como os primeiros indícios podem fazer crer, a consumação de uma vingança  pessoal. Foi um ato político, extremo, premeditado, cujo objetivo consciente era  eliminar o último bastião do marxismo clássico e a única possibilidade de direção  revolucionária para o previsível ascenso do pós-guerra. Trotski não era apenas o  maior crítico do stalinismo, mas o máximo representante e defensor das conquistas  da Revolução de Outubro, do socialismo com democracia.”.

Mário Azeredo e Berna Menezes, Porto Alegre, agosto de 2021.

(1) Mészaros, István. Para Além do Capital: Rumo a uma teoria da Transição. 1ª edição. São Paulo: Boitempo  Editorial/Editora da Unicamp, maio 2002.

 

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