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QUE OS BANQUEIROS E OS PATRÕES PAGUEM PELA SUA INCOMPETÊNCIA!

[QUE OS BANQUEIROS E OS PATRÕES PAGUEM PELA SUA INCOMPETÊNCIA!]

Mário Azeredo

ESSA CRISE É DELES, NÃO DOS TRABALHADORES.

Estamos vivendo um período longo de transição. A crise do capitalismo forçou o aprofundamento das medidas neoliberais. Essas medidas nada mais são do que gasolina no fogo. EUA e Europa estão passando por uma crise de superprodução. Produziram o que os trabalhadores não podem comprar.

Uma porque na louca competição entre monopólios, produziram muito além do que o necessário, levando em conta que as mercadorias não podem ser doadas, elas precisam ser vendidas e a grande maioria dos trabalhadores não pode comprar
.

Segundo porque ao chegar a crise, a burguesia atacou o direito elementar dos trabalhadores. O direito ao trabalho. Milhões de americanos e europeus estão sem emprego. Essas medidas não são suficientes, porque a crise é muito pesada. Então patrões e seus governos, começaram a desmontar o Estado de Bem Estar Social que ainda existia. Demissões, aumento de carga horária, redução de salários, aumento de tempo de serviço para aposentadoria, redução de prêmios e do 13º, aumento de horas extras. Medidas essas que diminuíram o poder de compra dos povos.

As privatizações também são parte dessa lógica. Privatizam para que os capitalistas ganhem lucro, os mesmos demitem os trabalhadores e cortam conquistas da classe, com a justificativa de que a crise é muito profunda e que todos tem que dar sua cota de sacrifício. MENOS ELES É CLARO!

Já afirmávamos que a crise atual é muito mais profunda e complexa do que a clássica crise de 1929. Mantemos essa caracterização. O mundo Ocidental está indo para um processo depressivo, onde a única saída pela lógica capitalista é destruir ?forças produtivas?. 
Mas para nós é tudo o inverso. O que precisa mudar urgentemente é o sistema capitalista de exploração e concentração de renda e riqueza. Precisamos parar com a exploração insana da natureza, em busca de lucro, sem preocupação com as futuras gerações. A palavra é superar o sistema capitalista, para que possamos sobreviver!

O ponto forte da crise que vivemos hoje apareceu em 2008 nos EUA. Diziam que era uma ?bolha imobiliária?.  Construíram mais casas do que o povo podia comprar. Liberaram crédito para quem não podia pagar e somado a isso, criaram um verdadeiro cassino global com papéis chamados ?Derivativos?. Esses papéis não tinham lastro na economia real, eram apostas que os banqueiros e especuladores compram e vendem em busca de lucro fácil. 

Com a queda desse castelo de cartas, os governos assumiram as dívidas das grandes empresas e bancos, com a justificativa de que os mesmos não poderiam quebrar por serem muito grandes. Por isso o governo dos EUA repassou mais de 16 trilhões de dólares para empresas como a GM, Ford, Citibank etc, para evitar que tudo viesse a baixo.

Esse movimento de salvação foi executado por praticamente todos os governos capitalistas e imperialistas. Essa medida aprofundou a crise ao endividar os Estados nacionais. Foi uma verdadeira socialização dos prejuízos, todos os povos ditos desenvolvidos estão em crise, porque os governantes, Banco Mundial, FMI e Banco Europeu, acertaram com os banqueiros e patrões, que quem tem que pagar a orgia dos derivativos deve ser o povo e não eles.
Moral da história. Milhões de pessoas perderam seus empregos nos EUA, suas casas e as condições de vida estão piorando. Só nos EUA são 46 milhões de pobres, dado que vem crescendo desde o início da crise. A violência, a miséria chegou para ficar no principal país imperialista.

Do outro lado do Oceano a situação é pior, mais dramática. Países como a Grécia, Irlanda, Espanha, Portugal, Itália estão jogando nas costas dos povos o preço do endividamento dos Estados cúmplices do sistema financeiro e da liberalização das finanças mundiais.

Por isso estamos vendo cada vez mais mobilizações, greves e passeatas de trabalhadores pelas ruas das grandes cidades européias. O povo não agüenta mais o aumento da exploração. O Banco Europeu, o FMI e a União Européia querem mais sacrifício dos povos e principalmente seu objetivo central é acabar com o Estado de Bem Estar Social, que o povo europeu conquistou depois das duas grandes guerras mundiais. França e Alemanha são os arquitetos dessa sessão de tortura dos povos. Mas cada vez que vem uma medida para retirar direitos e conquistas dos trabalhadores europeus e americanos, a resistência aumenta pelas ruas e praças nos dois continentes.

Nossa América vive uma situação diferente, mas não significa que esteja fora da crise mundial capitalista. O que afirmamos é que o processo aqui tem uma configuração diferente. A pobreza é uma situação crônica, mesmo antes dos movimentos de independência. Mas também porque a crise não chegou com toda a força, como nos países de capitalismo desenvolvido. Principalmente porque aqui a experiência com o modelo neoliberal está sendo contestado a mais tempo.

Venezuela, Equador, Bolívia são vanguardas contra o neoliberalismo e anti-imperialistas. Nosso povo tem um peso de sofrimento mais histórico. A escravidão, depois as ditaduras deram outra face para nossos povos. A concentração de renda e riqueza é absurdamente maior que nos países europeus e do que nos EUA. E por isso nossos povos estão buscando alternativas a mais tempo que os dos EUA e da Europa. Nesses últimos, o desmonte das conquistas é mais recente. É fruto da crise atual, nós já convivemos com dois terços da população na miséria e pobreza. Os trabalhadores dos EUA e Europa vão para o mesmo caminho que nós se não conseguirem derrotar o capitalismo.

Na América do Sul, para delimitarmos geopoliticamente o debate, o Brasil cumpre um papel de sub-imperialismo.
 Suas empresas apoiadas e financiadas pelo governo brasileiro estão invadindo os países vizinhos. São construtoras, bancos, empresas de máquinas e equipamentos agrícolas transformando e dominado a região em busca de lucro. O governo libera quantias fabulosas de empréstimos via BNDEs com juros subsidiados e a longo prazo. Verdadeiro presente para os capitalistas ávidos por mercado e lucro.

Esse é um lado da face do governo brasileiro. O outro lado, diz respeito a subserviência do Estado brasileiro as exigências do capital internacional e das multinacionais. Por isso, o Brasil já vendeu a maioria das ações da Petrobras. O BNDEs financia multinacionais em até 70% do investimento, também com juros subsidiados, muitas vezes para entregar riquezas do povo para empresas estrangeiras, como é o caso dos leilões dos poços de petróleo e gás nas regiões do pré-sal. Assim como, no projeto do governo federal de entregar rodovias, portos e ferrovias para grandes grupos econômicos, ao invés de garantir controle dessa infra-estrutura nas mãos do estado brasileiro.

No que diz respeito a economia doméstica, o Brasil continua sendo o país com maior concentração de renda e riqueza. Mantém o título de sustentar juros mais altos do mundo. Em pesquisa recente o Brasil ficou em 39º lugar de um total de 40 países em qualidade da educação. Na saúde o quadro é pior. 

Em maio desse ano, Dilma sinalizou que vai flexibilizar as leis trabalhistas. Quer facilitar uma maior exploração dos patrões sobre os trabalhadores, como se não fosse suficiente a lucratividade que os patrões ganham explorando o povo.
Centrais sindicais pelegas se somaram ao coro dos empresários das Indústrias, para pedir flexibilização da CLT, estão retomando a discussão do ?acordado sobre o legislado? da era FHC. O ACE ?Acordo Coletivo Especial nada mais é do que aprovar a flexibilização da CLT, dividindo os trabalhadores. Enfraquecendo mais ainda as categorias com menos capacidade de resistência a exploração do capital.

Mas para onde vamos?

2011 deu sinais de que a resistência dos povos começou com força e determinação. As grandes greves gerais na Grécia, Espanha e Portugal. O movimento Ocupem Wall Street, a Primavera Árabe no norte da África e a brava luta dos povos do Oriente Médio, demonstram que a última palavra não será dos banqueiros e governos imperialistas. A cada ataque da burguesia, os povos saem às ruas para protestar. Ainda é incipiente uma resposta conjunta dos trabalhadores, mas a greve geral internacional que ocorreu nos principais países afetados pelas medidas reacionárias da Troika na Europa, está cavando o caminho para a superação da ausência de direção que possa organizar a resistência dos povos para superar o capitalismo. Mas podemos e devemos trabalhar e acreditar que isso é possível, principalmente porque não temos futuro no capitalismo predatório, egoísta e consumista que vivemos.
Mais especificamente sobre o Brasil acreditamos que a estabilidade econômica, pode seguir por mais alguns anos, mas ela não é sustentável. Ela não reparte riqueza, nem renda. Por isso as explosões de violência nas grandes capitais, que começam a chegar em cidades do interior do país em forma de assaltos a banco, drogas e miséria. Além disso, o Brasil é o país que tem o pior crescimento do PIB comparado aos chamados BRICS e até mesmo com os países da América do Sul. Nesse ano o país fechou suas contas com um PIB de 1,27%. As previsões de crescimento do PIB, por parte do governo e dos institutos de pesquisas econômicas, estão sendo desmoralizados sucessivamente. O que agrava a situação é que o Governo brasileiro repassa 45,05% de tudo que arrecada, para pagar juros e amortizações da dívida interna e externa. São mais de 708 bilhões de reais só em 2011. De fato com um crescimento medíocre, com repasses gigantescos para o sistema financeiro através da dívida público, não tem país que possa crescer e se desenvolver. Mantendo essa política econômica/financeira e tributária, Dilma só faz aumentar o buraco entre ricos e pobres nesse país.

Esse ano passamos pelas eleições municipais, onde confirmou o que já dizíamos: A direita conservadora perdeu seu programa. O petismo assumiu boa parte de suas bandeiras, inclusive seus métodos de corrupção.
O petismo e o sindicalismo governista são reféns da lógica de governar. Cumprem papel coadjuvante diante de um governo a serviço do capital.

Os setores da esquerda conseqüente começam abrir caminho, ao PT e a CUT abandonar as bandeiras de transformação social. A esquerda ganha confiança de setores importantes da sociedade brasileira.

Nós, que no movimento sindical fazemos parte da Intersindical, do sindicalismo conseqüente, precisamos unir forças com os demais setores para impulsionar grandes mobilizações contra as re-interadas tentativas do governo de retirar direitos dos trabalhadores. 

Para terminar, estivemos juntos com os trabalhadores rodoviários numa luta muito importante e emblemática. O Prefeito Fortunatti se negou a pagar o prêmio por cumprimento de metas coletivas e individuais acordada com a categoria em acordo anterior. A categoria cruzou os braços, enfrentou a pelegada sindical e as ameaças da Administração. Na  negociação intermediada pela justiça, os grevistas cumpriram as exigências de colocar um percentual de ônibus nas ruas, e se manteve firme. Resultado: vitória dos grevistas, com fortalecimento da comissão dos funcionários e desmoralização do sindicato que não queria a greve.
Esse exemplo demonstra que a solidariedade é fundamental e que os trabalhadores lutam e resistem quando os patrões querem tirar seus direitos e conquistas. 
 
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