1. A liderança da bancada do PSOL sempre se caracterizou pela excelência em seu trabalho, especialmente ao dar sustentação para que mantivéssemos a coerência na atuação de nossos parlamentares em relação ao programa histórico de nosso partido. Foi sempre uma das grandes vitrines de nossa sigla e, dentro desse contexto, David Deccache foi um militante e assessor econômico de primeira ordem, desvendando ataques neoliberais vindos de qualquer direção.

2. Sendo um dos maiores ativos de nosso partido, há cerca de dois anos nossa liderança começou a sofrer ataques e perseguições políticas. Um dos alvos centrais foi o companheiro David, especialmente nos primeiros debates sobre o Arcabouço Fiscal de Haddad, onde o camarada desvendou o caráter ultraneoliberal da medida, que, afinal, encomendaria o corte de direitos e o ataque aos pisos constitucionais de saúde e educação arduamente conquistados. Esse foi o estopim para que a Revolução Solidária, dirigida por Guilherme Boulos, iniciasse seu assédio motivado por perseguição política em sua tentativa de subscrever o PSOL à agenda neoliberal-progressista do governo.

3. Assim se dá a arbitrariedade articulada pelo campo majoritário do partido, levando à votação a demissão de David. A primeira medida de Talíria Petrone como líder da bancada teve como resultado um placar de 8x5, com a própria Talíria, Boulos, prof.ª Luciene, pastor Henrique, Tarcísio Motta, Célia Xakriabá, Ivan Valente e Érika Hilton votando pela primeira demissão da história da bancada. Se colocaram contra tal injustiça os bravos Glauber Braga, Sâmia Bomfim, Fernanda Melchionna, Chico Alencar e Luiza Erundina.

4. David Deccache, com uma honrosa trajetória de defesa da classe e de coerência na luta contra a austeridade destruidora de direitos do nosso povo, foi, assim, demitido sumariamente e sem direito à defesa após oito anos de serviços prestados à causa socialista. Seus esforços foram essenciais para colocar o PSOL, até esse último período, como o partido mais coerente e consequente do parlamento, sempre ligado às lutas populares e aos anseios de nossa classe.

5. Além disso, David foi capaz de denunciar ataques em diversas outras matérias neoliberais propostas pelo Executivo, nas quais o campo majoritário do partido buscava angariar votos para o governo. A primeira votação de restrições ao BPC é apenas um dos exemplos. David sofria perseguição e assédio exatamente por defender a agenda de proteção e expansão dos direitos de nossa classe.

6. Sua demissão, justificada sob a acusação de suposta difusão de fake news e divergência com as posições do partido, é, na verdade, uma tentativa de mascarar a ofensiva contra o campo crítico e a coerência histórica do PSOL. A primeira medida de Talíria Petrone como líder da bancada busca desobstruir o caminho para a adesão ao neoliberalismo progressista de Haddad, além de consolidar as condições para sacramentar o desejo de Guilherme Boulos: a submissão de nossa sigla a uma federação com o Partido dos Trabalhadores.

7. O campo majoritário se engana ao pensar que a covardia cometida contra o militante David Deccache irá nos intimidar. O Fortalecer o PSOL e todos os socialistas de nosso partido não se calarão diante da escalada autoritária e persecutória de Guilherme Boulos e companhia. Tampouco deixaremos de lutar contra a austeridade, postura tão presente na conduta de David em nossas fileiras. Assim como não há socialismo sem liberdade, não haverá socialismo com a supressão do dissenso dentro de nosso campo ideológico, algo que sempre foi a riqueza de nosso partido!


Nota do Fortalecer o PSOL